Coimbra
Manuel Antunes “é uma referência viva” que “que nunca desistiu de pensar”
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Manuel Antunes despediu-se hoje da sua atividade enquanto diretor do Centro de Cirurgia Cardiotorácica do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), com a promessa do Governo de “não o deixar em paz” e com elogios do Presidente da República.
Na última aula do professor e cirurgião Manuel Antunes, que decorreu hoje em Coimbra, o ministro da Saúde elogiou o percurso do médico do CHUC, recordando a sua vontade, antes de estar no Governo, de “poder um dia ‘manuelantunizar’ o Serviço Nacional de Saúde”.
“’Manuelantunizar’ não significava fazer clones, mas trazer para o sistema pessoas com capacidade de liderar, com coragem, com seriedade dos propósitos, com capacidade de serem reconhecidos como exemplo e com aquela pontinha de mau feitio que o líder tem que ter”, afirmou Adalberto Campos Fernandes, sublinhando que não acredita “em personalidades redondas”.
Por Manuel Antunes ser um “pioneiro” e “um homem que nunca desistiu de pensar”, o ministro da Saúde sublinhou que vai continuar a procurar os seus contributos, considerando-o “uma das páginas mais importantes” da história do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
“Embora a lei da República o impeça de continuar ao serviço do serviço público, nós não o vamos deixar em paz”, assegurou Adalberto Campos Fernandes.
Falando antes da última aula do médico do CHUC que agora abandona o SNS por limite de idade, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, sublinhou as várias qualidades de Manuel Antunes, reconhecendo “um excecional percurso de vida”.
Apesar de sair do SNS, “a coletividade não vai desperdiçar o talento de quem hoje é celebrado”, vincou Marcelo Rebelo de Sousa, considerando este momento não como “um ponto final parágrafo na carreira”, mas apenas um sinal de que a vida e obra do médico prosseguem.
Questionado pelos jornalistas no final da cerimónia, o chefe de Estado realçou que Manuel Antunes “não faz falta porque está presente. É uma referência viva, não é uma referência morta”.
“Está para ficar e para contribuir muitíssimo para o futuro da saúde em Portugal”, acrescentou.
Questionado sobre o limite de idade, Marcelo Rebelo de Sousa referiu que há que encontrar um “equilíbrio entre o Direito e a equidade”.
Para o Presidente da República, o centro que o médico dirigiu durante longos anos “é um exemplo da saúde em Portugal, um exemplo na saúde europeia e na saúde mundial”.
Manuel Antunes, que falava com os jornalistas, reafirmou que vai continuar a trabalhar com doentes, não sabendo ainda se “é em clínicas privadas ou se é em missões humanitárias”.
“Até hoje, ainda não pensei nisso”, disse o médico, que na quinta-feira realizou a sua última cirurgia.
Sobre o futuro, diz que ninguém o vai ouvir falar sobre o centro, mas, relativamente ao SNS, “é outra coisa”.
“Continuarei a pertencer ao sistema de saúde de Portugal e sempre que achar que tenho alguma coisa a contribuir, fá-lo-ei, naturalmente”, disse.
Durante a última aula, proferida no auditório do CHUC, Manuel Antunes fez um resumo do seu percurso de vida pessoal e profissional, em que aproveitou para agradecer aos seus “mestres”, à sua equipa e, de forma especial, à família, a quem agradeceu “o tempo que lhes era devido e que não” lhes deu.
“Sinto-me como aquele que, numa caminhada, com a meta desenhada, chega lá com o sentido de que gostaria de continuar a correr”, disse, a concluir a lição, o médico, que ao longo do discurso se foi socorrendo de citações de pessoas distintas como João Lobo Antunes, Rubem Alves, Michael Jordan, Churchill e Teresa de Calcutá, ou até de alguns versos do hino da Mocidade Portuguesa.
Antes da lição de jubilação, Manuel Antunes foi surpreendido pela esposa Maria da Luz, que subiu ao palco para cantar “Samaritana” acompanhada pelos músicos Tiago Nogueira e Ricardo de Carvalho.
A lição está no vídeo do Directo NDC:
Veja as intervenções do director do CHUC, do Reitor da UC, do Ministro da Saúde, do Director da FMUC, do Presidente da República no vídeo do Directo NDC.
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