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Europa quer aumentar número de mulheres líderes no desporto universitário

Notícias de Coimbra | 6 anos atrás em 17-07-2018

 O projeto europeu ENACT, financiado pela Comissão Europeia e que junta várias instituições ligadas ao desporto universitário, visa aumentar a representação de mulheres em posições de liderança, disse hoje à Agência Lusa a coordenadora.

Segundo a húngara Anett Fodor, o objetivo é que a iniciativa, que arrancou no início de 2018, chegue a janeiro de 2020, quando termina, com “cerca de 30% de mulheres em cargos decisores” nos 43 membros associados da Associação Europeia do Desporto Universitário (EUSA).

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O ENACT, financiado através do programa Erasmus + da Comissão Europeia, é liderado pela Associação Europeia do Desporto Universitário (EUSA), contando com outros três parceiros, a portuguesa Federação Académica do Desporto Universitário (FADU), a Universidade de Uludag, na Turquia, e o clube de atletismo da Universidade de Budapeste, na Hungria.

“A educação através do desporto é um dos focos da Comissão Europeia, e liga-se com outros temas como a inclusão social, questões de género. O desporto é bom para o corpo, mas é também um lugar social e há muito para aprender através dele, e é isso que temos tentado mostrar”, explicou Anett Fodor à Lusa, à margem de uma oficina durante os Jogos Europeus Universitários, a decorrer até 28 de julho em Coimbra.

Também se pretende impulsionar o número de mulheres oficiais e árbitras, bem como aproximar a participação enquanto atletas dos 50% para cada lado, ainda que a percentagem esteja já próxima desses números.

Segundo dados da EUSA, 78% dos cargos de chefia em federações, associações e universidades são ocupados por homens, ainda que muitos países não respondam por “falta de dados ou de interesse”.

Depois de arrancar no início do ano, o ENACT teve em Coimbra a primeira oficina relacionada com a igualdade de género e desporto, contando com uma apresentação seguida de uma demonstração prática, que contou com a participação da plateia, de taekwondo e ‘cheerleading’, uma prática de apoio a atletas que também é modalidade dentro do circuito universitário e que fomenta “a cooperação entre géneros e o espírito de equipa e liderança”.

Durante o ‘workshop’, o campeão europeu em 2016 Júlio Ferreira guiou os participantes em várias técnicas de taekwondo para provar que, apesar de “muitas pessoas considerarem este um desporto só para homens”, a prática de artes marciais ajuda “à confiança, não só no trabalho, mas também na comunicação e expressão, além do autocontrolo e decisões rápidas”.

“Também me ajuda em ocasiões em que estou a ir para casa a pé, à noite. Não tenho medo, porque sei o que fazer se algo acontecer”, exemplificou Fodor, que aos 25 anos trabalha também como secretária-geral do Sindicato de Desporto de Budapeste e é membro da Comissão de Mulheres no Desporto do Comité Olímpico da Hungria.

A húngara começou a interessar-se pela igualdade de género no desporto quando começou a praticar kickboxing na Eslovénia, um momento que acabou por levar ao projeto agora financiado pela Comissão Europeia, depois de já ter trabalhado como voluntária na EUSA.

Do empoderamento das mulheres até à promoção de igualdade de género a todos os níveis, o ENACT passa também por dotar os jovens de mais capacidades para quando entrarem no mercado de trabalho, sempre através do desporto, o que começa, por exemplo, na formação de voluntários.

Os Jogos de Coimbra serão fundamentais para as próximas ações da iniciativa, uma vez que vão ser recolhidos “dados de participação por género, para ver a nível de oficiais, voluntários, atletas e decisores a diferença entre os dois”.

“Depois, podemos criar um programa sustentável de voluntários para os Jogos de 2020, em Belgrado, que garanta que esses jovens possam ganhar capacidade para subirem, no futuro, a posições de liderança”, revelou.

Outras medidas envolvem a criação de um documento no qual as federações e universidades podem assinar de forma voluntária e no qual se comprometem a apoiar a igualdade de género no desporto e liderança a todos os níveis, além da divulgação de um inquérito ‘online’ sobre os eventos EUSA.

“A igualdade de género não tem a ver com os géneros competirem um contra o outro. É sobre outras coisas. Nos Jogos de Londres2012, foi a primeira participação do boxe feminino. No Rio2016, foi a primeira vez do râguebi feminino. Queremos as mesmas oportunidades, todos devem ter direito a praticar e desfrutar dos desportos que quiserem”, resumiu.

A quarta edição dos Jogos Europeus Universitários decorre até 28 de julho e traz 13 desportos diferentes a Coimbra, com a participação de cerca de 4.500 atletas – a sua maioria campeões nacionais universitários nas 13 modalidades em competição, entre eles cerca de 450 portugueses -, de 295 universidades de 40 países.

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