Coimbra
António Arnaut e Carvalho Homem apresentam livro de Casimiro Simões
O novo livro do jornalista Casimiro Simões vai ser apresentado na Lousã, amanhã, sábado (26 de outubro), pelo escritor e advogado António Arnaut, numa sessão em que também intervirá o historiador Carvalho Homem. O vento realiza-se na sede da Sociedade Filarmónica Lousanense, pelas 15:00.
Depois de ter avançado com a notícia e antecipado o prefácio da autoria de António Arnaut, NDC publica a introdução feita por Casimiro Simões, que é de “De rir e chorar por mais”:
Com a alegria de ter cumprido um projeto a que individual e livremente pus ombros, encerro com este livro a trilogia satírica iniciada há quatro anos, com a publicação de Com as botas do meu pai – Pegadas do poder autárquico na vila de Vale Tudo.
Uma ousadia cívica que me acarretou alguns dissabores, pessoais e profissionais, desencadeados por inimagináveis preconceitos retrógrados de terceiros e perseguição ilegítima por razões ideológicas.
Mas o mais importante é levar em frente este combate pela cidadania, contra ventos adversos, poderes mesquinhos, medos vários e cobardias, que me proporcionou, sobretudo, momentos únicos de bom humor e amizade.
“Meti-me em sarilhos, mas também tive grandes barrigadas de riso” – assim foi comigo, logo em 2009, quando editei o primeiro volume desta aventura, também literária, que no ano seguinte transformei em tríptico de homenagem à República, para assinalar o centenário da revolução de 1910.
Faço minhas aquelas palavras do psiquiatra Louzã Henriques, etnólogo por devoção, patriota e orador de múltiplas “conversas vadias”. “Barrigadas de riso”, isso mesmo.
Assim falou o antifascista da Serra da Lousã em recente apresentação, em Coimbra, da obra Manuel Louzã Henriques – Algures com Meu(s) Irmão(s).
Termino esta trilogia com o livro Cornos ao sol – Agonia do carneiro velho na troika de Vale Tudo, retomando algumas personagens das anteriores obras da coleção e criando outras, como o foragido Pedro Pedra, presidente da Junta de Freguesia do Penedo Catapereiro.
Dando agora primazia, no entanto, aos estreantes burro Orelhudo, porco Beiçudo e carneiro Cornudo, únicos sobreviventes do ataque dos mercados financeiros ao território de Vale Tudo.
Na montanha, os três animais dão novo rumo à narrativa, interagindo em triângulo na rede social E-colibuk, após terem fugido do curral triangular, na loja térrea do velho Joaquim Lua.
Vale Tudo é uma terra deserta, sem homens, nem mulheres. Apenas animais de quatro patas.
Renovo, neste volume, um olhar crítico sobre a República e o mundo, agora sob o signo do carneiro, e regresso aos mistérios da minha infância.
O livro é dedicado a várias figuras, locais e regionais, que marcaram a sociedade ao longo dos séculos XX e XXI, em nome da República, do progresso coletivo, da cultura e dos direitos humanos: Orlando de Carvalho (antifascista, catedrático da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, FDUC), Augusto Monteiro Valente (militar de Abril e investigador), Osvaldo Rosa (opositor à ditadura, autarca e dirigente associativo na Lousã), Ti Joaquina da Catraia (notabilizou-se no auxílio aos viajantes que outrora atravessavam a Serra da Lousã),
Maria José Fantina (tem-se destacado na preservação da cultura popular), Augusto Paulo (fundador e antigo diretor do jornal Mirante, de Miranda do Corvo), Artur Brás (um dos fundadores do Ateneu de Coimbra, em 1940), João Rodrigues (democrata, músico e cronista do jornal Trevim) e Manuel Lopes de Almeida (herói da Rotunda, na revolução de 1910, natural da Castanheira de Pera).
Constitui também homenagem ao Ramal da Lousã e contributo cívico para a sua reativação(com evocação póstuma dos ativistas da ferrovia José Vitorino de Sousa, Ramiro Carvalheira e Américo Leal), à República dos Kágados, que em breve faz oitenta anos, onde morei enquanto estudante da FDUC, e ao Museu da República e da Maçonaria, em Pedrógão Grande.
Nesta etapa final, são muitos os amigos e amigas a quem quero agradecer – intelectuais, músicos, obreiros da área cultural, trabalhadores gráficos e jornalistas, entre outros – muita da força que me deram para vencer as adversidades.
Estou desde logo grato à família, aos camaradas com quem trabalho mais de perto, na agência noticiosa Lusa, além de jornalistas de diferentes gerações, com os quais tenho vindo a trilhar e a partilhar os caminhos da curiosidade, das dúvidas e da constante aprendizagem.
Em mais de trinta anos, foram alguns deles o meu amparo ético e fraternal nos momentos difíceis do exercício da profissão, em que temos apenas duas opções: avançar ou desistir.
Na maior parte das situações, em diferente sórgãos de comunicação que tive a honra de servir, a decisão desse coletivo a que chamamos redação foi cumprir, sem subserviências, nem venais pratos de lentilhas, o dever e o direito de informar, com a sensatez que, muitas vezes no fio da navalha, as circunstâncias exigem e permitem, honrando o Código Deontológico do Jornalista, as leis do Estado de Direito democrático e a Constituição da República.
Neste momento de júbilo – mas desejando eu estar longe da jubilação! – terei de saudar especialmente o escritor e advogado António Arnaut, pela sua fraternidade ativa, acompanhando desde a primeira hora esta “empresa de celebrar o centenário da República”, como afirma no prefácio.
Recordo a corajosa e bem-humorada intervenção de António Arnaut na apresentação do meu livro de estreia, Com as botas do meu pai.
Uma memorável jornada cívica, em 31 de outubro de 2009, na Lousã, em que se destacaram também o ator Adriano Carvalho e o médico Louzã Henriques, autor do prefácio.
No ano seguinte, de novo na terra onde nasci, foi a vez de Campanha bufa – Porco no espeto na safra de Vale Tudo, com apresentação a cargo do historiador Amadeu Carvalho
Homem, que escreveu o prefácio, e da jornalista Leonete Botelho. Obrigado, amigos!
Neste tributo coletivo, relevando diferentescolaborações e incentivos, incluo AdelinoCastro, Isabel Garcia, Luís Quintans, Carlos Fraião, Augusto Paulo, Carlos Marta Ferreira, José Luís Câmara Alves, Ramiro Simões, João Damasceno, Bernardino Nunes, Carlos Alvarinhas e Jorge Seco, entre muitos outros.
Gratidão também à Rádio Dueça e aos jornais Trevim, Diário de Coimbra, Diário As Beiras, Campeão das Províncias e Notícias de Coimbra, a que junto o Sindicato dos Jornalistas, o Sindicato dos Professores da Região Centro, a Fundação ADFP, o Clube da Comunicação Social de Coimbra, a Humorgrafe, a Banda Futrica, a Loja do Sr. Falcão, o Ateneu de Coimbra, o Licor Beirão, a Livraria Magro, a Ediliber, a Biblioteca Municipal da Lousã e a Sociedade Filarmónica Lousanense.
Cornos ao sol para rir e chorar por mais.
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