Formação
Investigadores científicos pedem fim de estatuto precário
Cerca de uma centena de investigadores científicos reclamaram hoje junto à Universidade de Lisboa a passagem a efetivos e o fim do estatuto de bolseiros, que afirmam ser uma maneira fácil e barata de contratar quer investigadores, quer jardineiros.
A dirigente da Associação de Bolseiros de Investigação Científica (ABIC) Sandra Pereira disse aos jornalistas que “o estatuto de bolseiro é o instrumento da precariedade do trabalho científico”.
“Enquanto esse estatuto não for revogado, as instituições vão sempre abusar do bolseiro”, argumentou, indicando que instituições como o Instituto Superior de Agronomia e a Universidade de Coimbra chegaram a abrir bolsas para contratar jardineiros e cobradores de propinas.
Contratar com uma bolsa “é mais fácil, é mais fácil despedir e muito mais barato”, indicou.
A trabalhar como bolseiros em projetos de investigação renováveis de três anos, os investigadores também dão aulas gratuitamente, orientam teses e até fazem vigilância em exames.
Há bolsas que não são atualizadas desde 2002 e técnicos que ganham “565 euros por mês” sem direito a qualquer subsídio de férias ou Natal, com “uma vida contributiva miserável”.
O representante do Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas Joaquim Ribeiro disse à Lusa que quando os bolseiros que trabalham assim “há 10, 15 anos” se candidatam ao programa de regularização dos vínculos precários da função pública (Prevpap), os reitores dizem que os projetos em que trabalham não são permanentes, portanto não estão habilitados.
“Os projetos variam, mas os investigadores continuam a fazer o seu trabalho”, referiu.
O sindicalista afirmou que se os reitores não reconhecem que têm de acabar com o trabalho científico precário, “tem que ser o governo a fazê-lo, para bem do sistema científico e tecnológico nacional”.
Joaquim Ribeiro apontou que quando o ministro das Finanças, Mário Centeno, afirma que foram criados 2.000 empregos científicos pelo governo do PS, “esquece-se de dizer que são precários, porque pelo Prevpap não entrou ninguém”.
Sandra Pereira afirmou que pediram ao reitor da Universidade de Lisboa, Cruz Serra, que os recebesse hoje, mas que esteve indisponível.
Em frente à reitoria estiveram representantes de instituições como o Instituto Superior de Agronomia, Instituto Superior Técnico, e a deputada comunista Ana Mesquita, que manifestou solidariedade com os investigadores.
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