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Funeral” do ensino superior desfilou no cortejo da Latada

Notícias de Coimbra | 11 anos atrás em 22-10-2013

A Associação Académica de Coimbra (AAC) simulou hoje o funeral do ensino superior, carregando um caixão durante o cortejo da Latada, numa ação interrompida por uma mãe preocupada com o futuro dos filhos na universidade.

O cortejo fúnebre começou por volta das 15:00, no Largo D. Dinis, com quatro estudantes – com máscaras do secretário de Estado do Ensino Superior, José Ferreira Gomes, do ministro da Educação e Ciência, Nuno Crato, da ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, e do primeiro-ministro, Passos Coelho – carregando um caixão e um outro estudante, com a máscara de João Gabriel Silva, reitor da Universidade de Coimbra (UC), levava uma pá.

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Atrás do caixão estava o presidente da AAC, Ricardo Morgado, que levava uma cruz de madeira, afirmando à comunicação social que a ação de protesto simbolizava “o fim de instituições como a Universidade de Coimbra”, pretendendo alertar para “a não mudança das políticas no ensino superior”.

Há “menos gente no ensino superior” e a ação social “não chega a todos os estudantes”, considerou Ricardo Morgado, prevendo que se possa estar a “caminhar para um triste fim” do ensino superior público.

No início do protesto, o cortejo fúnebre foi interrompido por uma mãe “preocupada” com o futuro dos filhos no ensino superior, que foi falar com os estudantes que envergavam as máscaras.

Marieta Monteiro, de 50 anos, disse à agência Lusa que abordou os estudantes por considerar que os representados nas máscaras “não são os únicos que enterram o país”, afirmando que “toda a gente é conivente com abusos de poder, burlas e corrupção”.

A mãe de um filho no 4.º ano de Engenharia Eletrotécnica e de outro no 1.º de Direito contou que para pagar as propinas dos filhos teve que “penhorar ouro”.

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Desempregada e viúva, Marieta Monteiro viu os dois filhos não terem direito à bolsa de estudos por ser “devedora ao fisco” e o filho mais velho “perder a pensão de sobrevivência de 95 euros” em março de 2013, sem razão aparente.

“Os meus filhos não têm bolsa de estudos porque sou devedora ao fisco”, explicou, num tom indignado.

Marieta admitiu à Lusa que se vê “na iminência” de os filhos “terem que deixar os estudos por não os poderem pagar”.

Durante o cortejo da Latada, que terminou na Portagem, entre rapazes de “collants” e saias das diferentes cores das faculdades, surgiram também algumas mensagens politizadas.

Entre elas, podia-se ler “Obediência dos povos alimenta a fome dos tiranos”, numa tertúlia de Direito, noutra tertúlia feminina, lia-se “As musas apresentam: a guarda constitucional”, levando uma réplica, em esferovite, da constituição da república portuguesa num carrinho de compras.

Caloiras vestidas de morangos erguiam uma faixa, que dizia “Passos malandro, estavas bem na apanha do morango”, também alunos de 1.º ano politizavam o seu cortejo disfarçados de “super combatentes da crise”, outros de “bobos da crise”.

O presidente da direção-geral da AAC observou que o cortejo esteve menos participado, “quebra” que também se sente no recinto, apontando culpas à chuva, mas também à falta de dinheiro “das pessoas para irem a este tipo de eventos”.

Ricardo Morgado considerou ainda que é necessário rever o modelo da Festa das Latas, quer o seu número de dias e o local utilizado, quer o próprio “conceito da festa”.

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