Coimbra

Vê Portugal mostrou que o turismo abre portas e janelas para os territórios

Notícias de Coimbra | 7 anos atrás em 09-05-2018

A 5.ª edição do Fórum de Turismo Interno “Vê Portugal”, que decorreu na Guarda, resultou num enorme sucesso, tanto a nível da qualidade das apresentações como do número de participações. Isso mesmo foi destacado por Pedro Machado, presidente do Turismo Centro de Portugal, entidade organizadora, na sessão de encerramento.

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“Este foi um ‘Vê Portugal’ fantástico, de extraordinária qualidade e o mais participado de sempre. Vai ficar na história que a edição de 2018 contou com 568 inscrições e 424 descarregaram os cartões de entrada”, sublinhou, antes de resumir alguns dos pontos mais altos dos dois dias.

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“Este fórum demonstrou as portas e janelas que o turismo pode abrir aos nossos territórios. Territórios esses que foram atingidos no seu coração, mas que continuam a criar oportunidades, como é o caso da Ferraria de São João, que nos trouxe aqui o Pedro Pedrosa. A atividade turística está a reerguer-se e a crescer nestes territórios”, salientou.

A aposta na promoção conjunta com os vizinhos espanhóis foi outro dos destaques escolhidos por Pedro Machado: “O mercado ibérico é uma inevitabilidade para nós. Estamos a oito dias de ir para Xangai com o Alentejo e a Extremadura espanhola, para reforçar esta capacidade de sermos ‘dois países um destino’, de forma a aumentar a nossa atratividade. O Centro de Portugal foi uma região pioneira nesta cooperação e está um passo à frente, já a pensar em projetos mais ambiciosos”.

Mas há dificuldades, recordou. “Ainda há custos de contexto que temos de ultrapassar, como as acessibilidades rodoviárias ou o transporte aéreo. No quadro de 2030 teremos todos de nos mobilizar: Comunidades Intermunicipais, Câmaras Municipais, associações empresariais. O pais tem de fazer escolhas e deixar de estar inclinado para litoral e sul. Escolhas que obedecem a investimentos, os quais traduzem prioridades. É um desígnio nacional não fazer deste território um enclave entre duas áreas metropolitanas”, defendeu.

Antes de terminar, Pedro Machado anunciou que a 6.ª edição do Fórum “Vê Portugal”, em 2019, acontecerá em Castelo Branco.

Carlos Monteiro, vice-presidente da Câmara Municipal da Guarda, destacou o facto de a sua cidade fazer “a ponte entre turismo interno e o turismo ibérico”. “É uma região fundamental para atrair este mercado próximo, o espanhol, que pode ajudar a crescer o emprego e a alavancar a economia do Centro de Portugal. A Guarda está de portas abertas para continuar a promover o turismo do Centro e do interior”, concluiu.

Durante o dia decorreram três painéis. O papel que as indústrias criativas podem ter na promoção turística esteve em destaque no quarto painel, que iniciou o segundo dia do evento. Com o tema “Novas Tendências na Promoção dos Destinos”, contou com intervenções dos bloggers Carlos Bernardo e Nelson Carvalheiro, de Uriel Oliveira, vice-presidente da Cision, e de Ruben Alves, o ator e realizador que se celebrizou com o sucesso “A Gaiola Dourada”.

A moderadora Cristina Amaro, Diretora Executiva do Imagens de Marca, conduziu a conversa, levando os participantes a trocar ideias sobre as suas experiências criativas. Nelson Carvalheiro, autor de um blogue com o mesmo nome, mostrou à audiência as novas tendências de conteúdos na comunicação digital com especial destaque para o vídeo. “Os conteúdos são a nova forma de publicidade”, frisou. Carlos Bernardo, criador do blogue “O Meu Escritório Está Lá Fora”, partilhou a sua experiência enquanto viajante, sublinhando que não precisa de sair de Abrantes, onde vive, nem de ter um escritório físico, para alcançar os seus objetivos, graças às tecnologias digitais.

Uriel Oliveira pegou na deixa é referiu que a “publicidade está a deixar de ser efetiva”. “Apenas 14% das pessoas confiam na publicidade e cada vez mais confiam nas opiniões de pessoas que partilham experiências. Este é um novo desafio da comunicação”, disse. “Os influenciadores de hoje são youtubers, bloggers, instagramers, mas são principalmente pessoas”, acrescentou, sustentando que os residentes locais podem ter um papel muito importante na capacidade de influenciar viajantes.

Ruben Alves abordou a vantagem do cinema enquanto “grande meio de promoção de destinos turísticos”. Lembrando casos da série “Guerra dos Tronos”, e outras, que geram enormes receitas turísticas nos locais onde são filmadas, deixou um desafio: “Por que motivo Portugal não faz séries internacionais baseadas em histórias como Viriato, Aristides Sousa Mendes, Pedro e Inês, que é melhor que o Romeu e Julieta, e outras?”

O quinto painel foi dedicado ao tema “Novas Tendências da Procura Turística”. Moderado por Gonçalo Poeta Fernandes, Vice-Presidente do Instituto Politécnico da Guarda, contou com intervenções de António Jorge Costa, fundador e presidente do IPDT – Instituto de Planeamento e Desenvolvimento do Turismo; Rong Huang, Professora na Universidade de Plymouth, Inglaterra; e Diogo Rocha, chef do restaurante “Mesa de Lemos”.

António Jorge Costa mostrou os números de crescimento do turismo e traçou o perfil dos novos turistas: mais jovens e solteiros, por um lado; seniores mais ativos, por outro. E, acima de tudo, cada vez mais informados – já não são facilmente enganados. “O visitante não é parvo: informa-se, procura e compara ofertas. Entidades que se aproveitem, que não tenham um valor acrescentado no produto que vendem, são penalizadas”, adiantou.

A professora Rong Huang realçou que o turismo é a atividade que vai liderar o crescimento económico e mostrou igualmente as tendências atuais dos viajantes, ilustradas com dados muito curiosos. Por exemplo, a realidade virtual vai entrar em força como meio de promoção turística. “A realidade virtual vai ser a nova showroom. Já há locais, como na China, com experiences centres, em que os turistas podem experimentar e ver os locais antes de viajarem”, adiantou. Rong Huang mostrou também que o mercado chinês vai ser cada vez mais importante, com a particularidade de que “os chineses compram muitas coisas nos locais que visitam, coisas que não têm na China”. A seguir, disse, vai despontar o mercado indiano. E aí, sublinhou, Portugal pode ter vantagens – até porque “Vasco da Gama foi o primeiro a ligar o Atlântico e o Índico”.

O chef Diogo Rocha falou da sua experiência no Mesa de Lemos. “Temos dois mercados importantes: os que nos visitam e os que cá estão”, referiu. “O nosso turismo, no Centro de Portugal, é um turismo de qualidade, não é de massas. No meu restaurante não posso ter 200 pessoas, não conseguiria garantir a qualidade”, acrescentou.

O sexto e último painel abordou o tema “Património e Turismo, uma relação estratégica?”. Tendo como base o facto de 2018 ser o Ano Europeu do Património Cultural, conversou-se sobre a relação estratégica entre Património e Cultura. Moderado por Carlos Martins, Coordenador do Projeto Lugares Património Mundial do Centro, o painel contou com intervenções de Clara Almeida Santos, Vice-reitora da Universidade de Coimbra; Ana Pagará, Diretora do Mosteiro de Alcobaça; e Celeste Amaro, Diretora Regional de Cultura do Centro.

Clara Almeida Santos defendeu que “o património vende quando tem mais do que pedras” – quando tem histórias e pessoas. Para a vice-reitora, “cada vez mais o turismo é o valor com que se mede o interesse do património”. E exemplificou com o caso da Universidade de Coimbra, que no ano passado contabilizou “meio milhão de visitas pagas”. Para que os resultados continuem a ser positivos, disse, é importante que “os espaços não sejam sacralizados e cristalizados, que se use o património de forma criativa”. “O património não é chato!”, concluiu.

Ana Pagará centrou a sua intervenção na importância do Mosteiro de Alcobaça à escala internacional, recordando que há cinco mosteiros cistercienses classificados património da Humanidade na Europa e um deles é o de Alcobaça. Ainda assim, há muito que pode ser feito, disse, nomeadamente “melhorar a ligação do Mosteiro com a comunidade e melhorar as condições de usufruto do monumento pelos visitantes”, entre outras medidas.

Celeste Amaro apresentou a Rede de Judiarias, um projeto muito caro à Direção Regional de Cultura do Centro. E deixou um número importante em cima da mesa: o Centro de Portugal tem 800 monumentos classificados.

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