Coimbra
Ciclistas fazem 750 quilómetros para que tragédia dos incêndios não seja esquecida
Um grupo de ciclistas amadores vai percorrer em junho 750 quilómetros em bicicleta, passando pelos locais mais atingidos pelos incêndios de 2017 e propondo-se a plantar pelo menos uma árvore por cada quilómetro, foi hoje anunciado.
Numa nota de imprensa, a organização “Pedalar para plantar” informa que “um grupo de amigos aventureiros do cicloturismo lança-se em mais uma ‘missão’, desta vez percorrer 750 quilómetros de bicicleta pelos concelhos mais afetados pelos incêndios de 2017 e com isso garantir que 750 árvores serão plantadas com o apoio da Opticalia”.
“Ao longo de oito dias propomos levar uma mensagem e chamar a atenção para que os acontecimentos de 2017 não se repitam e que nunca sejam esquecidos, para que aqueles que sofreram as consequências dos incêndios não sejam esquecidos, para que sejam homenageadas as vítimas, para que mais e mais pessoas possam ajudar a recuperar as zonas afetadas e, acima de tudo, para que se possa mudar a maneira de pensar de tantas pessoas acerca dos incêndios e das matas e florestas abandonadas”, acrescenta a nota.
Destacando que querem “ser muitos a pedalar” por esta causa, a organização desafia as pessoas a juntarem-se ao grupo de oito ciclistas amadores “por uma hora, por meio dia, por um dia inteiro ou vários dias”.
À agência Lusa, Filipe Gaivão, da organização, explicou que o objetivo “é ter cerca de 100 a 150 pessoas em cada dia e que no último dia sejam mais de 300 as pessoas a participar”.
Na mesma nota de imprensa, o grupo adianta que as pessoas que quiserem “contribuir com mais árvores para a recuperação das zonas ardidas poderão fazê-lo na página de Facebook do evento [https://facebook.com/pedalarparaplantar], com uma contribuição voluntária de dois euros por árvore”, que serão plantadas em novembro.
O percurso começa no feriado de 10 de junho na Marinha Grande, distrito de Leiria, terminando nesse dia em Mira, Coimbra.
No dia seguinte, o grupo faz Mira-Santa Comba Dão, em Viseu, de onde parte a 12 para Gouveia, distrito da Guarda.
Já a 13 os ciclistas são esperados em Arganil, Coimbra, chegando no dia 14 a Pedrógão Grande, norte do distrito de Leiria.
Depois de passar em Ansião e Mação, este concelho do distrito de Santarém, a comitiva é aguardada em Fátima no dia 17 de junho.
“Fátima é uma zona central e queremos que haja uma missa, no dia 17 de junho, pois faz um ano que morreram as primeiras pessoas no incêndio de Pedrógão Grande, e queremos homenageá-las”, justificou Filipe Gaivão.
No passado, este grupo que agora se propõe “Pedalar para plantar”, já realizou outras missões, incluindo a “descida” do Tejo, a deslocação a Ceuta, 600 anos após ser tomada pelos portugueses, e a viagem a Roma “para entregar em mão ao papa Francisco uma mensagem sobre o que se faz em Portugal” para combater o desperdício alimentar.
Em junho de 2017, os incêndios que deflagraram na zona de Pedrógão Grande provocaram 66 mortos: a contabilização oficial assinalou 64 vítimas mortais, mas houve ainda registo de uma mulher que morreu atropelada ao fugir das chamas e uma outra que estava internada desde então, em Coimbra, e que acabou também por morrer. Houve ainda mais de 250 feridos.
Em outubro, 49 pessoas morreram e cerca de 70 ficaram feridas na sequência dos incêndios na região Centro, que também destruíram total ou parcialmente cerca de 1.500 casas e mais de 500 empresas.
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