Coimbra
Penela protege e dignifica Património Nacional da Villa Romana do Rabaçal
A Villa romana do Rabaçal é chamada pelo nome da actual povoação na ausência de qualquer testemunho epigráfico ou textual. Está situada a 12 Km a Sul de Conímbriga, parte integrante do território da antiga civitas, junto à via romana que ligava Olisipo a Bracara Augusta, no actual concelho de Penela.
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A Câmara Municipal de Penela quer fazer tudo o que seja possível para preservar este património. O “primeiro passo” foi dado neste dia 29 de abril no Museu da Villa Romana do Rabaçal. Aqui decorreu a cerimónia de apresentação do concurso de ideias para proteção ao sitio arqueológico, museu e acesso da Villa Romana do Rabaçal.
A sessão contou com a presença de representantes de Ormesson sur Marne, cidade francesa geminada com Penela desde 2007.
O concurso de ideias tem um júri composto por representantes da Câmara de Penela, Universidade de Coimbra, Ordem dos Arquitectos, da Cultura do Centro e por uma personalidade convidada.
A ideia é criar sistemas de visita, circuitos de visitação, bem como melhorar a conservação e restauro dos mosaicos e de todo o património da estação arqueológica do Rabaçal, incluindo a sua cobertura, assegura Luís Matias, Presidente da Câmara Municipal de Penela.
Depois da escolha da melhor ideia, é preciso encontrar dinheiro para financiar a intervenção. São necessários “alguns milhões euros”, é necessário apresentar candidatura a fundos europeus, lembra Luís Matias.
A escolha do projecto vencedor vai ocorrer até ao final deste ano. É expectável que a candidatura para obter financiamento seja apresentada em 2019. Só depois se iniciará a intervenção, que será efectuada de forma faseada.
O presidente da Câmara Municipal de Penela aproveitou a ocasião para informar que a estação arqueológica do Rabaçal está em vias de ser reconhecida como Património Nacional.
Luís Matias lamentou ainda que “a cultura, apesar de muitos dizerem que é o motor de desenvolvimento dos territórios, continua a ser o sector mais desprotegido no âmbito do investimento público”.
O autarca fez questão de enaltecer o trabalho realizado pelo arqueólogo Miguel Pessoa, que inclui um livro sobre os mosaicos do Rabaçal.
Reza a história que a Villa romana do Rabaçal implantada “numa meia encosta”, com exposição privilegiada entre uma cumeada com arvoredo e um riacho, está em conformidade com as recomendações de Columella (séc. I).
Os trabalhos arqueológicos tiveram início no ano de 1984 com o apoio voluntário de especialistas, população, jovens e outros profissionais.
A densidade de vestígios superficiais permitiu à Câmara Municipal de Penela delimitar a área da villa (quinta agrícola), que ocupa, grosso modo, o espaço de um rectângulo alongado no sentido norte-sul, com cerca de 50 metros de largura por 150 metros de comprimento. Não é possível saber, por enquanto, que propriedades (fundus) lhe pertenciam.
Da villa rustica (alojamento de servos) e frumentaria (celeiro, lagar, estábulos) conhecem-se alguns muros, pavimentos e canalizações. Esta área, separada da zona residencial por um valado, domina uma ligeira elevação a norte.
A villa urbana (residência senhorial) de peristilo (pátio de colunas) central octogonal, orientado segundo os rumos da rosa-dos-ventos e construção adjacente em raios, situa-se a sul. A partir do átrio central estão definidas quatro áreas funcionais: entrada, atendimento e torre de vigia, a sul; espaço de aproveitamento de luz e prolongamento visual sobre o horizonte, a nascente; área de ligação de serviços, a norte; zona nobre com quartos, oecus e triclinium, a poente.
Os motivos figurativos dos mosaicos (estações do ano, quadriga, figura feminina sentada) e mesmo algumas composições geométricas e vegetalistas não têm semelhanças com o que existe em Portugal. No conjunto formam um grupo estilístico novo.
A cronologia de villa assenta no estudo da colecção de dezenas de moedas aí descobertas datadas de vários períodos do século IV d. C. A circulação de longa duração das emissões monetárias da época tardo-romana chegou ao momento das invasões de 409-411, aos raides suévicos de 465-468 e mesmo até depois (PESSOA et alii, 1993, p. 1).
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