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Occupy Coimbra
A Casa da Esquina, em Coimbra, estreia, no sábado, “Occupy – Teatro Sem Cortes”, um espetáculo concebido a partir de cinco textos sobre “a crise europeia, o estado do capitalismo e o movimento Occupy”.
“Construído em forma de protesto, contra a austeridade que nos destrói todos os dias”, o espetáculo propõe “criar um debate em torno desta barbárie generalizada que arruína a cultura do nosso país e o que isso representa” para a cidadania, a pluralidade e a democracia.
“Fingimos que somos uma espécie de guerrilheiros que se unem numa associação clandestina” e cujas “armas são os textos”, validados pelo tempo atual, afirma Ricardo Correia, encenador e um dos intérpretes da peça, feita de cinco capítulos, correspondentes aos textos em que se baseia.
Anders Lustgarden (Inglaterra), Lena Kitopoulou (Grécia), Helena Tornero (Espanha), Cristian Sóto (Chile) e Marco Canale (Espanha) são os autores das peças que, sempre de forma breve, por vezes com ironia e em constante interpelação, “falam do estado da democracia, do declínio da Europa, da crise e da importância da cultura e do teatro em tempos de sobrevivência”.
Os autores refletem sobre as crises económica, social, de valores, da cultura, na Europa, cruzando perspetivas, procurando respostas e ensaiando desafios, a partir das realidades atuais de cada um dos seus países.
“Nós damos o corpo ao manifesto e somos a Casa da Esquina (Portugal)” por “um projeto que começou a ser desenhado em final de 2012, quando fizemos a encenação” de alguns daqueles textos, no espetáculo “Teatro Sem Cortes”, recorda Ricardo Correia, que falava aos jornalistas, à margem do ensaio de imprensa, na noite de quinta-feira.
É frequente fazerem-se peças a partir de clássicos, sobre o passado ou sobre o virtual, mas é raro o teatro tratar do “agora”, sublinha Filipa Alves, da Casa da Esquina, produtora do espetáculo, sustentando que representar o presente “também é uma forma de protesto”.
“Occupy – Teatro Sem Cortes” é um “espetáculo a cores”, para ver e para ouvir, mas também para “interagir”, para “reagir”, para provocar “emoções”, para “ajudar a despertar”, para suscitar “reações”, acredita Filipa Alves.
Três atores (Adiana Silva, Miguel Lança e Ricardo Correia) e pouco mais de duas dezenas de espetadores, à volta de algumas mesas, dispostas quase em retângulo, mais ou menos belicamente decoradas, fazem acontecer “Occupy”, de terça-feira a sábado, às 21:30, até 09 de novembro.
“Somos atores, guerrilheiros, que vamos ocupar esta sala” – da Casa da Esquina, na Alta de Coimbra (Rua Aires de Campos) – e “a vossa atenção durante cerca de uma hora”, anuncia Ricardo Correia, na abertura do espetáculo, com figurinos, adereços e espaço cénico de Filipa Alves, direção técnica de Alexandre Mestre e produção executiva de Sandra Silvestre (Linhas Cruzadas).
Os bilhetes custam sete euros (público em geral) ou cinco euros, para estudantes, desempregados e idosos.
A Casa da Esquina é “um espaço de acolhimento de vários projetos e de cruzamento de várias áreas artísticas, onde se pretende criar um polo cultural alternativo a funcionar em rede com outras cidades nacionais e internacionais”.
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