Industriais dizem que linha de crédito para parques de madeira é insuficiente
A Associação das Indústrias da Madeira diz que o setor gastará 35 milhões de euros na compra de madeira queimada para os parques que vão construir, mas alerta que a linha de crédito do Governo é de apenas cinco milhões.
O investimento que o setor deverá fazer na compra da madeira queimada será de cerca de 35 milhões de euros, quando a linha de crédito disponibilizada pelo Governo para apoiar a compra é de apenas “cinco milhões de euros”, disse à agência Lusa o presidente da Associação das Indústrias da Madeira e do Mobiliário de Portugal (AIMMP), Vítor Poças.
“A linha de crédito é insuficiente. Está muito abaixo daquilo que é necessário para as empresas investirem na compra de madeira a armazenar nos parques”, notou Vítor Poças, apelando a um alargamento da linha de financiamento.
Segundo a associação, foram aprovados já 25 parques de madeira propostos por 14 empresas do setor e há igualmente três empresas que vão apresentar ainda uma candidatura para a criação de mais cinco parques.
O setor tem disponível uma linha de crédito com financiamento à taxa zero, em que o Estado “paga os juros” de cinco milhões de euros para compra de madeira e outra de três milhões de euros para a criação de parques de madeira queimada, explanou.
“As empresas, neste momento, não têm capacidade financeira para armazenar mais madeira e deixá-la em ‘stock’ tanto tempo. É preciso alargar a linha de crédito”, frisou Vítor Poças.
Para além da linha de crédito, o Governo dá um apoio na compra (caso seja feita obedecendo a preços previamente definidos) e ‘a posteriori’, em função da madeira armazenada e do tipo de madeira.
“A madeira até 20 centímetros de diâmetro, chamada madeira de faxina, é a 1,5 euros por tonelada e tem de estar armazenada um mínimo de três meses. Acima de 20 centímetros, no caso de ser parque seco, o Estado paga três euros por tonelada de madeira armazenada e, no caso de parque regado com água, é a 3,5 euros e tem de estar, no mínimo, nove meses armazenada”, explicou.
Ou seja, entre armazenar a madeira durante nove meses, processá-la, vendê-la e esperar por receber o dinheiro dos clientes, pode demorar “um ano” até as empresas registarem receita com a madeira queimada, frisou o presidente da associação.
As dificuldades para as empresas “estão na capacidade financeira para comprar madeira e mantê-la em ‘stock’ durante nove meses, visto que o apoio do Estado só é pago no final desse período. Obriga a um duplo investimento da empresa: para além de comprar a madeira, tem os custos da armazenagem”, constatou Vítor Poças.
Além dos 35 milhões gastos na compra de madeira, as empresas vão ainda “investir cerca de cinco milhões de euros na criação dos parques”, disse o presidente da AIMMP.
Os parques de madeira queimada propostos pela indústria abrangem “nove distritos e 14 concelhos”, de norte a sul, mas com especial enfoque na região Centro, afirmou.
Segundo o ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, Capoulas Santos, os parques de receção de madeira queimada vão avançar já nesta semana em alguns pontos do país.
“Estão aprovados 26 parques, mas o concurso continua aberto e a reação à medida foi muito boa”, disse o governante no sábado, em Castanheira de Pera, no distrito de Leiria.
Related Images:
PUBLICIDADE