Cidade
Projeto europeu quer cidadãos comuns na criação de conhecimento científico
O projeto Socientize, promovido pela Comissão Europeia e apresentado hoje de manhã em Coimbra, tem como objetivo promover a participação de cidadãos em projetos de investigação científica.
A iniciativa, que tem como promotores nacionais a Universidade de Coimbra (UC) e o Museu da Ciência da UC, começou há “cerca de um ano” e pretende “estabelecer uma linha de ação para a ciência cidadã na Europa”, explicou Rui Brito, um dos coordenadores nacionais, explicando que a União Europeia tem “interesse” em que o cidadão comum possa participar na “criação da ciência”.
No Socientize, qualquer pessoa pode ajudar a analisar imagens de células que poderão ajudar ao tratamento de doenças como Alzheimer e Cancro ou criar mapas de variação de temperatura em cidades, entre outros projetos de investigação disponíveis.
A iniciativa tira “os cientistas do seu pedestal de marfim e aproxima-os” da sociedade, querendo transformar cidadãos em “agentes ativos da criação científica”, o que leva a que projetos de investigação possam ser executados de “forma mais eficiente e mais rapidamente”, disse Rui Brito, exemplificando com o projeto português Sun4All, em que milhares de fotografias do sol têm de ser analisadas e que, se fosse apenas o cientista a fazê-lo, “estaria anos e anos” para terminar esse processo.
“Isto não é brincar à ciência, isto é produzir ciência”, afirmou João Fernandes, diretor do Observatório Astronómico da Universidade de Coimbra e coordenador do projeto Sun4All, durante a apresentação do Socientize na Escola Secundária Quinta das Flores.
Paulo Gama Mota, também coordenador nacional do projeto e diretor do Museu da Ciência, está “convencido de que a ciência cidadã vai ter um papel progressivamente mais importante na produção do conhecimento científico”, avançando à agência Lusa que, no âmbito da iniciativa, será produzido um livro branco para a União Europeia sobre ciência cidadã.
O diretor do Museu da Ciência informou que, em breve, em Portugal, será possível aos cidadãos colaborarem com a Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear (CERN) na identificação de antimatéria, um tema que poderá “cativar o interesse das pessoas”.
Um dos públicos-alvo são os estudantes do ensino secundário, de forma a tentar “cativar” esses mesmos alunos à formação científica, havendo um concurso nacional lançado às escolas secundárias, com prémios coletivos e individuais.
O projeto conta ainda com a parceria da Universidade Federal da Campina Grande, do Brasil, do Centro para a Inovação Social, da Áustria, da Universidade de Saragoça e da associação de empresas de tecnologia de informação Tecnara, de Espanha.
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