Em declarações à agência Lusa a propósito das declarações do bastonário da Ordem dos Médicos, que hoje numa entrevista denunciou a existência de casos em que só os médicos internos estão responsáveis por uma equipa de urgência, sem os médicos tutores que os devem acompanhar, o presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares disse desconhecer qualquer situação deste género.
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“Há alguns anos atrás existiu um alerta sobre esta matéria, mas não tenho tido informações sobre isso”, afirmou Alexandre Lourenço, sublinhando que “as escalas dos serviços de urgência são determinadas por médicos, nomeadamente o diretor do serviço de urgência e os diretores clínicos dos hospitais, que também são médicos”.
“A única informação que tive sobre esta matéria foi no início desta semana, com o relato no Serviço Nacional de Saúde britânico feito num artigo no [jornal] Guardian”, acrescentou.
“Se existir alguma irregularidade ela deve ser detetada e encontradas soluções para evitar que esteja em causa quer a qualidade dos cuidados prestados aos doentes, quer a importante formação dos médicos, que naturalmente devem fazer serviço de urgência, mas acompanhados por médicos mais seniores, tutores, que acompanham essa formação”, afirmou o responsável.
Numa entrevista à agência Lusa hoje divulgada, o bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, denunciou que há uma “exploração ignóbil” e “ilegal” dos médicos internos nalguns grandes hospitais e avisou que a situação pode ter implicações disciplinares.
“As administrações hospitalares não podem fazer isto. É grave, é muito grave. (…) Estamos a ter várias informações de alguns hospitais, nomeadamente dos grandes, de que existem equipas em que só os médicos internos é que estão responsáveis por uma equipa de urgência”, afirmou.
O bastonário avisa que esta situação viola as regras do internato médico, viola o código deontológico e que “pode ter implicações disciplinares”, além de não proteger os doentes.
A Ordem pode suspender o internato médico nas unidades em que isto aconteça e Miguel Guimarães afirma que vai atuar sobre estes casos: “Não podemos aceitar isto. Pode ter implicações disciplinares para quem tiver obrigado os médicos internos a fazê-lo. E aí não vou hesitar”.