PSD insiste em voos civis na base aérea de Monte Real e PS concorda!
O grupo parlamentar do PSD apresentou hoje uma recomendação para que o Governo adapte a base aérea de Monte Real para receber voos civis, visando o desenvolvimento económico da região centro, proposta com a qual o PS concorda.
Na apresentação do projeto de resolução do PSD na Comissão de Economia, Inovação e Obras Públicas, no parlamento, a deputada social-democrata Fátima Ramos defendeu que “a abertura da base aérea de Monte Real a outros serviços era importante para todo o país e para a região Centro […] porque permitiria desenvolver e potenciar a capacidade económica e exportadora”.
“Ajudava também a dinamizar territórios onde as condições de vida são piores porque estão mais desertificados, desde logo nos distritos de Leiria e de Coimbra, que foram fustigados pelos incêndios” do ano passado, acrescentou a responsável.
Ao mesmo tempo, criar ali um aeroporto serviria para promover o turismo, realçou Fátima Ramos, lembrando que na região existe património classificado e “locais que atraem muitos visitantes”, como o Santuário de Fátima e a Universidade de Coimbra.
Localizado em Monte Real, concelho de Leiria, este é um aeródromo militar da Força Aérea Portuguesa, vocacionado sobretudo para a aviação de caça.
De acordo com a deputada do PSD, não existem entraves à concretização de tal medida, já que o Ministério da Defesa se “mostrou disponível para estudar o assunto”, os problemas ambientais “não têm sido levantados” e esta é “uma zona com bons acessos”
“Não nos podemos esquecer que o próprio aeroporto de Lisboa está a ficar saturado e se esta base aérea puder ser usada para voos civis, de forma permanente, estamos a rentabilizar recursos”, salientou.
De opinião semelhante, o deputado do PS Pedro Coimbra considerou ser “necessário abrir outros espaços a voos comerciais”, notando que isso poderá ser feito na base aérea de Monte Real “com poucas adaptações”.
A seu ver, um aeroporto naquele local iria contribuir para economia da região e nacional.
O socialista falou ainda na necessidade de “maior capacidade aeroportuária” numa altura que as infraestruturas existentes “estão saturadas”.“Eu tendo a apoiar e o PS tende a apoiar”, disse.
Ainda assim, Pedro Coimbra lembrou que se fala nesta possibilidade há cerca de 40 anos, sem que qualquer medida avance.
Mais reticente mostrou-se o deputado do BE Heitor de Sousa, para quem “o projeto de resolução do PSD precisa de ser mais bem refletido”.
Segundo o bloquista, uma das principais dificuldades à adaptação de Monte Real para receber voos civis são os acessos, desde logo por comboio, já que “o serviço ferroviário que a Linha do Oeste presta é uma coisa risível”.
“Defender um aeroporto na base aérea de Monte Real é querer fazer um aeroporto no meio do deserto”, afirmou.
Heitor de Sousa sustentou ainda que a proposta do PSD serve apenas como “bandeira”, razão pela qual só deveria ser apresentada aquando das eleições legislativas do próximo ano.
Também Bruno Dias, do PCP, destacou ser “preciso assegurar que a operacionalidade da Força Aérea [que funciona no local] não é posta em causa”.
“O que defendemos é um uso civil complementar”, adiantou o comunista.
Recordamos que o socialista Manuel Machado, Presidente da Câmara de Coimbra, prometeu a transformação do aeródromo municipal Bissaya Barreto em Aeroporto Internacional de Coimbra.
A transformação do aeródromo de Coimbra em aeroporto comercial está estudada, é viável e terá custos contidos. “Será um investimento compatível com a escala do mercado que Coimbra e a Região Centro oferecem”, garantiu o autarca antes e depois de ser reeleito.
“Seria um erro histórico não transformar este aeródromo numa infraestrutura capaz de receber voos ‘low cost’ e voos ‘charter’ do estrangeiro”, afirmou Manuel Machado no Aeródromo Municipal Bissaya Barreto.
“Seria um erro histórico por três razões. Pelo crescimento do mercado turístico que procura Coimbra e a Região Centro, incluindo Fátima. Pelas graves limitações de oferta aeroportuária do país face à procura internacional, como é público”, continuou. “E pelos custos contidos que este investimento exige, os quais, com a comparticipação de verbas europeias, estão perfeitamente ao alcance de uma Câmara que nos últimos quatro anos soube pagar as suas dívidas e capitalizar-se”.
“Quem é contra o aeroporto esquece que essa transformação está estudada e que é tecnicamente viável com custos muito contidos, conforme os estudos encomendados pela Câmara nos anos 90 e em 2005”, afirmou o autarca socialista. “E esquecem que Coimbra – com uma grande universidade, com património classificado pela UNESCO e com empresas tecnológicas muito competitivas – tem um potencial para atrair tráfego que, à exceção de Faro, mais nenhuma cidade média portuguesa do continente oferece”.
Pedro Coimbra, que liderada a Federação Distrital de Coimbra do PS, não é o único eleito socialista a alinhar na solução Monte Real. João Ataíde, líder do município figueirense e da Comunidade Intermunicipal da Região de Coimbra também defende a solução desejada para o concelho de Leiria.
O presidente da Câmara da Figueira da Foz reafirmou em dezembro que defende a abertura da base aérea de Monte Real à aviação civil, manifestando “solidariedade total” ao autarca de Leiria nessa matéria.
Manuel Machado acredita mesmo na sua promessa e tem repetido que “a partir dos 1500 metros, os aviões típicos dos voos “charter” e das companhias “low cost” aterram e descolam sem problemas em Coimbra”, contrariando quem “mete pau na roda” e considera inviável esta solução.
Diz o socialista que segundo os estudos de engenharia de que a Câmara diz dispor (o último será de 2005), o aeródromo pode crescer num dos seus topos com recurso a “terra armada” – um aterro mais complexo – e, no topo contrário, pode crescer para o terreno ocupado com linhas de alta tensão, as quais podem ser enterradas. Não será preciso recorrer a estacaria, indicarão os tais os estudos encomendados pela Câmara nas últimas décadas e que nunca foram divulgados
“Por estas razões, prolongar a pista até aos 1500 metros e alargá-la não terá custos relevantes”, afirmou Manuel Machado durante a campanha. “Esta operação envolve custos na ordem dos 10-12 milhões de euros, incluindo capacitar o piso para receber aviões mais pesados, novas instalações e depósitos de combustível”. Com financiamento de verbas europeias, “estaremos a falar em custos para a Câmara à volta dos 2 milhões de euros”. E conclui: “É muito barato para todo o potencial que uma infraestrutura destas oferece a Coimbra”.
A transformação do Aeródromo Bissaya Barreto num “aeroporto civil comercial, com capacidade para receber tráfego internacional ‘charter’ e ‘low cost’” é um “projeto que irá iniciar de imediato”, assegurou Manuel Machado, durante a sessão da sua tomada de posse como presidente da Câmara de Coimbra, cargo para o qual foi reeleito, pelo PS, nas autárquicas de 01 de outubro.
O aeroporto, que será “uma peça crítica neste novo ciclo económico” que o município está a lançar, será feito a partir dos “estudos que esta Câmara encomendou noutros períodos e aos quais nunca foi dada sequência”, mas “agora sê-lo-á”, garantiu.
O projeto será concretizado “dada a relação virtuosa que se estabelece entre os custos previsíveis e o potencial económico, e também turístico, que a requalificação desta infraestrutura representa para a cidade, para o concelho e para a região Centro”, explicitou o autarca.
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