Coimbra
Estamos entregues aos bichos
Bolos e canapés feitos com larvas, cremes antirrugas com bactérias do mar e volantes de automóvel que medem os batimentos cardíacos são algumas das inovações que podem ser vistas hoje no Pavilhão do Conhecimento, em Lisboa.
A mostra, sob o tema “Futuro 2020”, insere-se na “Noite Europeia dos Investigadores 2013”, promovida pela Comissão Europeia para incentivar o contacto dos cientistas com o público. A iniciativa decorre até às 00:30 de sábado e tem entrada gratuita.
Em Portugal, a “Noite dos Investigadores” é organizada pela Ciência Viva – Agência Nacional para a Cultura Científica e Tecnológica e realiza-se em 28 localidades, incluindo Lisboa.
Na “Cozinha é um Laboratório”, do Pavilhão do Conhecimento, é possível provar arroz de algas, canapés e bolos feitos com bichos-de-farinha tostados e grilos cobertos de chocolate.
Sara Ramos, monitora do Pavilhão do Conhecimento, descreve as vantagens em comer insetos: não escasseiam no planeta, mal se dão por eles quando misturados com outros ingredientes e possuem grandes propriedades nutritivas.
“Têm muita percentagem de ferro… mais proteínas do que um bife”, salientou.
André Lourenço, investigador do Instituto de Telecomunicações, é um dos inventores do “Bitalino”, uma placa com sensores de leitura de biosinais, como os batimentos cardíacos e as contrações musculares.
A placa pode ser incorporada num volante de automóvel, num guiador de bicicleta ou num telemóvel.
Com esta tecnologia, um ciclista, explicou, pode “medir o esforço que está a realizar” quando anda de bicicleta.
A mesma placa pode ser utilizada para monitorizar a falta de água de uma planta.
No Pavilhão do Conhecimento é possível ver também o protótipo de um instrumento que permite aplicar mais facilmente na pele um creme de difícil absorção e, no futuro, vacinas sem picas e sem dor.
“Desenvolvemos um material que transforma luz em pressão. Uma vez que essa pressão chega à nossa pele, ela abre os poros e o ingrediente ativo de um creme pode passar e ter o seu efeito cosmético ou terapêutico”, assinalou Carlos Pacheco, um dos responsáveis da empresa que concebeu a tecnologia, que começou a ser trabalhada na Universidade de Coimbra.
O investigador pretende que o instrumento possa ser comercializado, para fins cosméticos, no próximo ano. Quanto à aplicação da tecnologia em vacinas, Carlos Pacheco estima que possa acontecer dentro de dois anos.
Na noite em que 300 cidades europeias promovem um encontro informal entre cientistas e público, Lisboa mostra no Pavilhão do Conhecimento outros inventos, como cremes feitos com bactérias marinhas que reduzem as rugas e aumentam a hidratação da pele, robôs de escritório que interagem com os humanos e armários com um dispositivo que informa à distância sobre o que tem lá dentro sem o abrir.
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