Autárquicas

Investigadores dizem que participação política aumenta quando situação socioeconómica é boa

Notícias de Coimbra | 11 anos atrás em 22-09-2013

O investigador da Universidade de Coimbra Fernando Ruivo disse à Lusa que por trás da pouca participação política em Portugal estão fatores históricos e que as pessoas são mais ativas quando a situação socioeconómica é mais favorável.

Para este especialista em poder local, “a não participação ou a participação com pouco impacto é uma das tradições portuguesas” que se faz sentir com mais ou menos força em diferentes momentos da História, acreditando Fernando Ruivo que a “confusão” instalada com as múltiplas candidaturas independentes às próximas eleições autárquicas poderá gerar uma maior abstenção.

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Já o professor da Universidade de Aveiro (UA) Carlos Jalali recordou uma fraca participação política para além das eleições, mas subscreveu que o fator histórico pesa de forma significativa na pouca participação política em órgãos mais próximos como as freguesias, ao qual acresce uma perceção da relação custo-benefício, ou seja, “o tempo que a pessoa tem que gastar e os benefícios individuais e coletivos que espera ganhar”.

“É óbvio que, se não há meios financeiros [nas freguesias], isso também vai reduzir a participação, o que encaixa num panorama mais geral”, afirmou à Lusa o também diretor da licenciatura em Administração Pública da UA, que realçou que Portugal é dos países mais centralizados da Europa.

“Essa dimensão da avaliação dos custos e benefícios é relevante num contexto que já de si não é muito favorável à participação”, referiu Carlos Jalali.

Fernando Ruivo destacou que, apesar de especialista no tema, nem no seu próprio concelho de origem conhece as propostas dos candidatos, de que forma as tencionam cumprir e “desde logo não há uma responsabilização como existe noutros sistemas eleitorais”.

“Eu estou convencido de que só há mais participação quando a situação socioeconómica é boa. Quando é periclitante ou grave como agora as pessoas metem-se na sua concha. É um contrassenso absoluto, mas é o que está a acontecer no nosso país”, lamentou o membro fundador do Centro de Estudos Sociais de Coimbra.

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Porém, Carlos Jalali encontra motivos para otimismo num estudo realizado em Aveiro que comparou duas turmas de alunos do ensino secundário, uma com a disciplina de Ciência Política e outra sem, tendo concluído que os “jovens que tinham essas aulas tinham mais interesse sobre política, sentiam que a sua voz tem mais consequência”, o que terminava numa maior participação eleitoral.

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