Cidade
Bisneto de Niemeyer visitou Coimbra como se fosse “uma casa de parentes antigos”
Paulo Sérgio Niemeyer, bisneto do arquiteto brasileiro Oscar Niemeyer e herdeiro do escritório de arquitetura do seu bisavô, está de visita a Coimbra, com a sensação de “estar a visitar uma casa de parentes antigos”.
O também arquiteto Paulo Sérgio Niemeyer começou a visita na Reitoria da Universidade de Coimbra, acompanhado pela funcionária da instituição, Ana Goulão, mestre em História da Arte, que lhe foi mostrando a universidade, mas também “as pontes” entre Coimbra e o Brasil.
“Aqui também está a história do Brasil”, disse Ana Goulão ao bisneto do arquiteto Oscar Niemeyer, relembrando a ligação “umbilical” entre a universidade e o Brasil.
“É emocionante”, disse Paulo Sérgio Niemeyer, que teve a oportunidade de, na varanda da Reitoria, ver a alta e a baixa de Coimbra, considerando que a cidade “tem um ordenamento semelhante à da Lapa [bairro do Rio de Janeiro]”.
Contudo, em Coimbra “dá para ver o horizonte”, disse o bisneto de Niemeyer que enalteceu a “beleza da casa simples, caiada e baixa” de Portugal, considerando que “há uma preservação da parte histórica” da cidade.
Ainda na varanda, Paulo Sérgio Niemeyer evidenciou o Museu Nacional Machado de Castro como um exemplo em que “a arquitetura é nova mas não agride. Não tenta ser maior nem melhor, respeita a envolvência”.
Niemeyer afirmou que a arquitetura da universidade “é fascinante, nem que seja pela época que representa”, frisando que “Coimbra é memória”.
Apesar de considerar que a arquitetura presente em Coimbra não é a sua, Paulo relembrou o seu bisavô, que considerava que “cada um faz a sua arquitetura” e que, depois, “pode ser boa ou má”.
O arquiteto brasileiro visitou ainda a Biblioteca Joanina. “Fascinado”, apontou para a semelhança da biblioteca com a estrutura de uma igreja, e foi fazendo perguntas e ouvido explicações por parte de Ana Goulão, contando que no caminho para Coimbra parou “várias vezes” para tirar fotografias para o seu “museu imaginário”.
“O Brasil sempre teve Portugal como referência na arquitetura”, disse Paulo Niemeyer à Lusa, recordando também “a paixão” que o seu bisavô tinha por azulejos portugueses, ficando também ele “encantado” com os painéis que viu, ao ponto de perguntar a Ana Goulão se poderia tirar um curso sobre azulejaria.
No final da visita, Paulo foi surpreendido por um grupo de fado de Coimbra que interpretou, entre outras, a música “Trova do Vento que Passa”, sendo que o arquiteto brasileiro relembrou que o poema dessa canção, de Manuel Alegre, estava na estante do escritório do seu bisavô.
“Coimbra tinha que fazer parte do Património Mundial”, concluiu Paulo Sérgio Niemeyer, afirmando que se “tem que cuidar da cidade para que ela se possa perpetuar”.
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