Incêndios: Vítimas afirmam que “as respostas continuam por chegar ao terreno”
A Associação das Vítimas do Maior Incêndio de Sempre em Portugal (AVMISP) rejeitou hoje a “discriminação nos apoios” à recuperação da economia do Interior, onde a agricultura tem um “tratamento diferenciado” relativamente à indústria.
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“Não deve a atividade agrícola ser cada vez mais valorizada e merecer uma discriminação positiva porque exerce uma ocupação efetiva de território que de outra forma fica abandonado e potencia a repetição de tragédias como a que conhecemos?”, questionou hoje o presidente da AVMISP, Luís Lagos, em declarações à agência Lusa.
Um mês depois dos incêndios que atingiram vários municípios da região Centro, nos dias 15 e 16 de outubro, “as respostas continuam por chegar ao terreno”, disse o empresário.
“Continuamos a perceber que a agricultura continua a ser um setor de segunda”, afirmou, realçando que “a única resposta que tem chegado é de discriminação, tratamento diferenciado e abandono” das pessoas e empresas. Um mês depois, “a maioria das ajudas está por regulamentar”.
“Num país onde temos uma classe política com consciência coletiva, a aprovação e regulamentação de medidas de apoio, reconstrução e reposição estariam aprovadas na semana seguinte aos incêndios. Não foi o que aconteceu”, disse Luís Lagos, que nas autárquicas de 01 de outubro foi reeleito pelo CDS/PP para a Assembleia Municipal de Oliveira dos Hospital, no distrito de Coimbra.
Passado um mês, “percebe-se que os empresários do Interior são discriminados no mesmo país, com o mesmo Governo, nas medidas que estão em curso para a reconstrução” da atividade económica.
Se em Pedrógão Grande “todas as empresas foram apoiadas a 85%, agora, neste interior da Beira Serra e Norte do país, os mesmos portugueses só merecem um apoio de 85% no dano até 235 mil euros e depois têm de se contentar com 70%”, alertou.
“Onde é que estão os partidos da oposição a denunciar este tipo de situações?”, perguntou Luís Lagos, que renunciou à presidência do CDS/PP no distrito de Coimbra para assumir a liderança da Associação das Vítimas do Maior Incêndio de Sempre em Portugal, com sede em Oliveira do Hospital.
Há familiares de vítimas mortais dos incêndios de outubro “que ainda nem mereceram um contacto de nenhuma autoridade pública quanto ao processo, a fazer chegar informação e, nesses casos, mais do que em qualquer outro, a pedir desculpa”.
“Os trabalhadores das empresas que se viram impossibilitadas de prosseguir a sua atividade, fruto da destruição do incêndio, continuam a não ter regulamentação quanto à garantia salarial que lhes foi prometida no Conselho de Ministros extraordinário realizado a seguir aos incêndios”, lamentou.
Quatro semanas depois do fogo, “nenhuma intervenção na floresta”, que “não vai continuar a arder porque o clima não o permite, já que o poder político, pela inação, o consente”.
“São inúmeras as empresas e casas por reconstruir. São inúmeros os postos de trabalho que continuam em causa e não chegam as palavras a quem perdeu familiares. Até agora, só temos contado com discriminação nos apoios e abandono na ação”, acusou o presidente da AVMISP, criada após o incêndio de meados de outubro.
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