Presidente da República manda “batata quente” para o Parlamento
Marcelo Rebelo de Sousa fez uma declaração ao país, a partir da Câmara Municipal de Oliveira do Hospital, que foi um dos concelhos mais afetados pelos incêndios que deflagraram no domingo.
Esperemos que a Assembleia da República diga soberanamente se quer ou não manter o Governo, disse Marcelo Rebelo de Sousa em directo de Oliveira do Hospital.
Referindo-se à moção de censura hoje anunciada pelo CDS-PP, acrescentou: “Se na Assembleia da República há quem questione a capacidade do atual Governo para realizar estas mudanças que são indispensáveis e inadiáveis, então, nos termos da Constituição, esperemos que a mesma Assembleia soberanamente clarifique se quer ou não manter em funções o Governo. Condição essencial para, em caso de resposta negativa, se evitar um equívoco, e de resposta positiva, reforçar o mandato para as reformas inadiávei
Estes mais de 100 mortos jamais sairão do meu pensamento, garantiu o Presidente da República.
“Espero que o Governo retire todas as consequências”, disse Marcelo Rebelo de Sousa que promete usar todos os seus poderes contra a fragilidade do Estado que considerou existir face aos incêndios que mataram mais de 100 pessoas, e defendeu que se justifica um pedido de desculpa.
O chefe de Estado prometeu que “estará atento e exercerá todos os seus poderes para garantir que onde existiu ou existe fragilidade, ela terá de deixar de existir”.
Depois, exigiu uma “rutura” com o passado e aconselhou “humildade cívica”, afirmando: “É a melhor, se não a única forma de verdadeiramente pedir desculpa às vítimas de junho e de outubro – e de facto é justificável que se peça desculpa”.
Marcelo Rebelo de Sousa defendeu que é preciso “abrir um novo ciclo”, na sequência dos incêndios de junho e de domingo passado, e que isso “inevitavelmente obrigará o Governo a ponderar o quê, quem, como e quando melhor serve esse ciclo”.
O Presidente da República defendeu ainda que, se houver margens orçamentais, deve ser dada “prioridade à floresta e à prevenção dos fogos, considerando que esta “é a última oportunidade” para se agir nesta matéria.
Além desta recomendação, em vésperas do início do debate parlamentar sobre o Orçamento do Estado para 2018, o chefe de Estado apelou a “uma convergência alargada” neste domínio, e voltou a exigir que o Governo “retire todas, mas todas, as consequências” destes incêndios e dos de junho.
“Esta é a última oportunidade para levarmos a sério a floresta e a convertermos em prioridade nacional – com meios para tanto, se não, será uma frustração nacional. Se houver margens orçamentais, que se dê prioridade à floresta e à prevenção dos fogos”, afirmou.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, percorreu hoje as áreas ardidas do concelho de Oliveira do Hospital, tendo visitado empresas cujas instalações foram destruídas pelo fogo.
Antes de fazer uma comunicação ao país, a partir dos Paços do Concelho da cidade, na sequência dos incêndios dos últimos dias, o Presidente da República procurou inteirar-se da dimensão da tragédia, incluindo alguns dos principais danos na economia local.
Na zona industrial, Marcelo Rebelo de Sousa visitou uma unidade têxtil que empregava mais de 50 trabalhadores e que foi completamente destruída pelas chamas, no domingo.
“Que venha alguma coisa para Oliveira do Hospital”, afirmou um responsável da firma J. Guerra, Cláudio Guerra, realçando a necessidade das ajudas públicas para que a laboração seja retomada.
Importa que os apoios cheguem às empresas afetadas e que “seja rápido”, defendeu o chefe de Estado, que visitou depois o dono de uma empresa de revenda de frutas, na Estrada da Beira (EN 17).
Rogério Brito disse ao Presidente da República que a unidade empregava 11 pessoas e foi também destruída pelo fogo, bem como oito viaturas. “Tenho seguro do recheio, mas não tenho do edifício”, admitiu.
O Presidente da República e o presidente da Câmara, José Carlos Alexandrino, tentaram confortar o empresário com o compromisso de que as ajudas não faltarão.
“Vamos ver”, disse Rogério Brito, ao que Marcelo Rebelo de Sousa respondeu: “Vamos ver, não”.
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