Boa parte dos campeões olímpicos, mundiais e europeus de canoagem prepara a época em Portugal, que tem apostado cada vez mais em centros de treino do mais “sofisticado e apropriado” para o alto rendimento a nível internacional, como é o caso de Emanuel Silva e João Ribeiro que este domingo se sagraram campeões do mundo de K2 500 metros.
“Temos vários centros de treino ocupados pelas grandes potências como Alemanha, Hungria, Rússia, Polónia, Ucrânia. Recebemos os grandes campeões do planeta. Temos um clima fantástico no inverno, imensos cursos de água e capacidade hoteleira com os requisitos necessários a uma adequada preparação”, explica à agência Lusa Mário Santos, presidente da Federação Portuguesa de Canoagem, que lidera a comitiva nacional nos Mundiais de canoagem, em Duisburgo, na Alemanha.
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O selecionador nacional, Ryszard Hoppe, é polaco e conhece bem a realidade portuguesa: “No norte da Europa, o inverno rigoroso impede os treinos, pois rios e lagos gelam. Em Portugal há tudo o necessário para uma preparação ao mais alto nível. E é um destino próximo e viável financeiramente. Como se juntam várias seleções, temos vários testes que permitem avaliações periódicas”.
A Nelo, maior fabricante mundial de caiaques de competição, explora quarto centros de treino, aliando mais esta vertente à liderança competitiva internacional(conquistou três quartos das medalhas nos Jogos Olímpicos Londres2012).
“Por ano vendemos 20.000 noites. Fornecemos serviços dos 45 ou 65 euros por dia. As equipas não têm de se preocupar com nada, pois garantimos excelentes cursos de água, unidades hoteleiras de referência, caiaques para treino, barcos a motor para acompanhamento, sistemas de largada, balizagem, ginásio específico para canoagem. Tudo o que precisam e ainda organizamos provas entre seleções”, explica André Santos, diretor executivo da Nelo.
Aguieira e Cinfães são os locais onde a empresa portuguesa promove estágios, bem como em Vila Nova de Milfontes (tem alguns lugares no Canoe Village Training Camp), tendo, inclusivamente, alargado o seu raio de ação a Cuba, onde abriu um centro de treino.
Portugal tem ainda o Centro de Alto Rendimento de Montemor-o-Velho, onde a seleção estagia, Portimão, igualmente preparado para o caiaque surf, e ainda Aviz, neste caso mais vocacionado para o remo.
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“Portugal pode criar um cluster único no Mundo de turismo desportivo, mas é preciso que as autoridades acordem para o potencial dessa realidade”, resume Mário Santos.
Jose Perurena, presidente da Federação Internacional de Canoagem (ICF), diz que “Portugal e Espanha têm condições únicas para a prática da canoagem – enquanto desporto e centros de treino – e os resultados internacionais das suas seleções provam isso mesmo, sendo duas seleções claramente emergentes e a ter em conta no plano mundial”.
“As autoridades de ambos os países deviam explorar e potenciar melhor esse filão, pois o turismo desportivo também pode ser uma boa ajuda, principalmente em tempos de grande crise”, concluiu.
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