Opinião
Assassínio Político
TORRES FARINHA
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Este tem sido um tempo generoso em notícias anómalas que, embora para já, de forma metafórica, pareceu-me oportuno deixar aqui uma primeira leitura que, estou convicto, será a primeira de muitas, sejam estas por imagens ou cientificamente documentadas, certamente despertarão muitas mentes desatentas ou com informação incompleta e deformada pela retórica veiculada a público, designadamente a mais recente.
E ao utilizar o que me pareceu o título mais adequado à mensagem que pretendo transmitir, encontrei um texto notável do jornalista Pedro Garcia Rosado, de um livro que parece ter ficado pelo armazém do editor, intitulado “MANUAL DO ASSASSÍNIO POLÍTICO”, Ed. Minerva, Lisboa, Março de 2001, e que, segundo o blog do autor, foi uma “obra que assustou muita gente e que valeu alguns incómodos, e algumas pequenas vinganças, ao autor”.
Estou convicto de que este livro será o precursor de muitos outros que relatarão toda uma saga histórica num sector estratégico nacional onde há muita verdade incómoda que se impõe ser relatada, desde compadrios diversos, interesses familiares, a favores políticos que, em conjunto, têm transformado muitas instituições em antros disformes que urge eliminar para bem do interesse público.
Das notáveis descrições apresentadas naquela obra, destaco um extracto pela sua pertinência: “Imagine o leitor que, por denúncia, conspiração, inveja ou — mesmo — acto eventualmente ilegal é posto sob suspeita e objecto de investigação policial. Ninguém, como se costuma dizer, está acima de qualquer suspeita. Mas, depois, com base num bom trabalho ou não, a investigação conclui que, sim, o leitor é culpado e é proposta ao Ministério Público a sua acusação. E ela surge. Em teoria, cabe aos tribunais confirmarem a acusação, condenarem, anularem a acusação ou declararem a inocência. E, até haver esse juízo derradeiro, como mandam o bom senso e as regras democráticas, o leitor é inocente.
Mas, na prática, o que se passa é radicalmente diferente: antes dos juízes, as «fontes policiais» e muitos jornalistas tornam-se o executor da pior das mortes. E de chofre, sem aviso. Atingido por golpes que nunca antecipou, se conseguir libertar-se das teias dessa morte social e política, o leitor nunca mais se libertará da acusação, consiga ou não ultrapassar o choque inicial e reagir. É uma verdadeira condenação à morte que destrói pessoas e que devasta famílias. Um dia, um tribunal considerá-lo-á inocente, ou anulará a acusação, mas o mal está irremediavelmente feito.”
Que interesses obscuros estarão na mente dos assassinos políticos que se ocupam em denegrir a imagem dos outros? Que retorno retirarão os que têm como missão destruir a imagem de pessoas de bem? Qual a recompensa por cada assassinato político?
Podem colocar-se muitos cenários: a existência de um submundo onde prospera o lado negro da sociedade; o interesse em destruir os outros para desviar as atenções de todo um submundo de interesses, compadrios e ilegalidades; a vontade em exercer vinganças sobre terceiros para esconder a mediocridade e a incompetência de quem pratica os assassínios; enfim, muitos outros cenários se podem colocar – deixam-se à imaginação do leitor.
E aqui dou ênfase à afirmação atrás reproduzida de Pedro Rosado: “Atingido por golpes que nunca antecipou, se conseguir libertar-se das teias dessa morte social e política, o leitor nunca mais se libertará da acusação, consiga ou não ultrapassar o choque inicial e reagir. É uma verdadeira condenação à morte que destrói pessoas e que devasta famílias.”
De facto, é isto que acontece, aqui como em qualquer lugar e que, usualmente, leva muitos anos a reabilitar o bom nome dos envolvidos; aliás, costuma ser o necessário para os assassinos políticos se porem a salvo e poderem usufruir da recompensa…
É que, por mais paradoxal que pareça, os assassinos políticos matam as suas vítimas ou deixam-nas em estado de coma de forma a que levem muitos anos a recuperar e, quando tal acontecer, já os primeiros puderam usufruir da sua recompensa pelo seu “serviço”, mesmo que mais tarde venham a ser condenados.
É, de facto, o que acontece no dia-a-dia das sociedades e é esta cultura que importa alterar, sendo imperioso denunciar os casos que vão ocorrendo, responsabilizando os autores até às últimas consequências. Até porque, actualmente, há uma grande apetência para destruir provas, usar dinheiros públicos para pagar publicidade e notícias, e ainda para pagar a especialistas para defender o indefensável.
Quem luta pela justiça e pela verdade vê-se a lutar sozinho, sem protecção e a pagar do seu bolso a defesa de um Estado e de uma sociedade que talvez só exista na sua imaginação.
É curioso que na minha crónica do dia 12.08.2013 escrevi o seguinte: Numa época em que cada vez mais medíocres se vêem desesperados para esconder a sua incompetência, cada vez mais elaboram manobras de diversão, quer na comunicação social quer na sociedade, para desviar as atenções daquilo que é a verdade dos factos, inclusive denegrindo o carácter de muitas pessoas íntegras, para que aqueles pareçam o que não são.
Como as metáforas parecem assumir vida e como a vida dá origem a novas metáforas, então, tal como afirmei no início deste artigo, ao longo do tempo novas crónicas surgirão, novos assassínios acontecerão, novas manobras de diversão serão levadas a efeito, enfim, um mundo de metáforas, ou talvez não. Vale a pena acompanhar.
TORRES FARINHA
Investigador
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