Advogada de Inspectora reitera que investigação da PJ mete medo
O novo julgamento da Inspectora da PJ acusada de ter assassinado a avó começou hoje, 22 de maio, no Palácio da Justiça de Coimbra.
Mónica Quintela, que em conjunto com o marido Rui Silva Leal assegura a defesa de Ana Alexandra de Andrade Tudela Saltão, prestou declarações aos jornalistas quando chegou à Rua da Sofia, voltando a “disparar” contra a Polícia Judiciária. “Esta investigação mete medo”. Veja:
Recordamos que Ana Saltão é acusada de em 21 de novembro 2012 ter vindo do Porto a Coimbra para disparar 14 tiros contra Filomena de Jesud Gonçalves. Matou por dinheiro, defende o Ministério Público.
A assassinada era uma velha comerciante do Mercado Municipal de Coimbra e avó do marido da inspectora, também ele inspector da PJ.
Ana Saltão volta a ser julgada depois de ter sido absolvida em primeira instância. “É mínima a probabilidade de a arguida ter cometido os crimes”, sentenciou na altura João Ferreira, o juiz que presidiu ao tribunal de júri. O Ministério Público não gostou da decisão deste tribunal de júri e recorreu para o Tribunal da Relação de Coimbra.
Em, 2015, o Tribunal da Relação de Coimbra decidiu em sentido contrário. Condenou Ana Saltão a 17 anos de prisão. Desta vez foi a defesa que não ficou satisfeita com a decisão e recorreu para o Supremo Tribunal de Justiça,
Já em 2016, o Supremo Tribunal de Justiça decidiu que o processo devia voltar ao Tribunal da Relação de Coimbra, entidade que ordenou a repetição do julgamento, de novo com jurados.
Jurados que são 8. 4 efectivos e 4 suplentes. Os efectivos são duas médicas, um assistente social e um músico. Uma desempregada, um engenheiro, um cozinheiro e um engenheiro constituem o grupo de suplentes. Todos estiveram nesta primeira sessão do julgamento. Só alguns tomaram notas!
Já se viu que este segundo julgamento segue o roteiro do primeiro, sendo colocada em causa a forma como a Polícia Judiciária (não) investigou. Jorge Leitão, Procurador do Ministério Público avisou logo: Não é a PJ que está ser julgada. É a arguida que está a ser julgada. Mónica Quintela responde: “O que se quer fazer neste julgamento é salvar a pele da instituição (PJ)”. Aqui não se vai descobrir quem matou, acrescenta, antes de concluir que este é um processo Neoblanc (lixívia).
Advogada de defesa que depois tratou de conquistar a simpatia dos jurados: Não se deixem influenciar pelos programas de Manuel Goucha, Júlia Pinheiro e Hernâni Carvalho.
Ana Saltão decidiu falar. Prestou depoimento sobre o seu modo de vida, as relações com a avó e o que fez nos dias da tragédia. Nada que já não se tenha ouvido em 2014. Serena, como sempre, na pose e estilo habitual, nunca se atrapalhou, mas como não se percebiam algumas das suas palavras, o Miguel Veiga, que preside a este tribunal,foi obrigado a pedir para ela para falar mais alto.
A única “novidade” deste primeiro dia foi apresentada pela Defesa, que juntou aos autos fotografias das instalações da PJ do Porto onde trabalhava a arguida.
Ana Saltão repetiu com precisão tudo o que tinha dito no primeiro julgamento. Lembrou, por exemplo, alguns episódios rocambolescos: O telemóvel que deixou de funcionar bem porque levou com um copo de vinho. O blusão usado no dia do crime e a eventual contaminação do mesmo na PJ. A queimadura na mão quando confeccionava uma omelete de espargos. A massagem num hotel do Porto. “Era daquelas românticas”, segreda a arguida.
A inspectora voltou a manusear uma pistola Glock (idêntica à arma do crime que nunca apareceu) em plena sala de audiências. Aconteceu para se esclarecer o caso da ferida na mão (que era visível à data do crime de Montes Claros). O Mistério Público entende o ferimento foi causado pelo uso da arma. A defesa sustenta que foi um acidente na cozinha. Não foi por causa de ter dados os 14 tiros, o “coice é levezinho”, conclui Mónica Quintela.
O julgamento da inspectora da Polícia Judiciária, que hoje voltou a ter a companhia do marido, vai decorrer pelo menos até ao dia 22 de junho.
O escritório de Alfredo Castanheira Neves volta a representar o assistente Carlos Gonçalves de Almeida, tio do marido de Saltão, que não se conforma com o que aconteceu à avó.
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