Cidade

Caixote de luxo quente e frio durante todo o ano?!

Notícias de Coimbra | 8 anos atrás em 23-03-2017

“O Museu” plantado na margem esquerda da Ponte de Santa Clara volta a ser notícia pelas piores razões.

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Verificamos que este conhecido caixote de luxo ainda tem nas montras a exposição que foi inaugurada no final de outubro, numa altura em que os inventores, o Círculo de Artes Plásticas de Coimbra, precisava de receber um adiantamento para fazer algo do género numa próxima bienal paga pela Câmara e Universidade de Coimbra.

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Recorda-se que por alturas da inauguração do “Mamarracho,  um ano depois de ter sido depositado na Praça das Cortes, Carlos Antunes, Director do Círculo de Artes Plásticas,  dizia que a demora na “inauguração da primeira exposição se deveu à falta de propostas, em quantidade e qualidade, por parte da sociedade civil”, tendo prometido continuar a trabalhar para que essas sugestões apareçam.

Meses depois da inauguração constatamos que a tal sociedade civil continuar a não querer estar representada nesta “bela obra de arte”. Ou serão os mentores de tão brilhante ideia que não estão a trabalhar no sentido de arranjar uma primeira exposição proposta pelo povo? Aguardamos resposta.

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O Museu, que a sociedade civil ignora há mais de  500 dias, não tem nome, mas  ficou conhecido como o “Caixote de Luxo”, “Barraca das Farturas”, “WC” ou “Mamarracho”, apesar da CMC, depois de ter visto que “tinha dado barraca”, lhe ter dado o nome de “museu mais pequeno do mundo”

Recordamos este “contentor” foi plantado no dia 29 de outubro de 2015 na margem esquerda da Ponte de Santa Clara, dia em que a  Câmara Municipal de Coimbra nos contou que “Um camião e uma grua de grande capacidade alteraram, esta manhã, a vivência habitual da Praça das Cortes, em Coimbra. E contribuíram para alterar a sua paisagem de uma forma mais duradoura. A maquinaria pesada foi necessária para instalar a obra O Museu, de Francisco Tropa, no âmbito da Anozero: Bienal de Arte Contemporânea de Coimbra, que começa já no próximo sábado e termina a 29 de novembro, numa coorganização do Circulo de Artes Plásticas de Coimbra (CAPC), Câmara Municipal de Coimbra (CMC) e Universidade de Coimbra”.

Apesar das suas contidas dimensões, não obstante ser gerido por um diretor, um curador e um conservador, o “caixote de luxo” não consegue apresentar nenhuma exposição de objetos sugeridos pelos cidadãos de Coimbra. É obra!

Com muita pompa e elevada circunstância a autarquia acrescentava que “O presidente da CMC, Manuel Machado, a vereadora da Cultura, Carina Gomes, o diretor do CAPC, Carlos Antunes, colaboradores e técnicos municipais acompanharam os trabalhos de instalação da obra de Francisco Tropa. Pensado em 2001, enquanto projeto de arte pública, o Museu ultrapassará o contexto temporal da Anozero, passando a fazer parte dos equipamentos culturais de Coimbra. Apesar das suas contidas dimensões, será gerido por um diretor, um curador e um conservador e terá exposições com objetos sugeridos pelos cidadãos, em permanente repto à cidade”.

A primeira versão da exposição incluía este televisor Sony

A primeira versão da exposição incluía este televisor Sony

Como a sociedade civil não respondeu ao apelo das elites culturais de Coimbra, o CAPC não teve outro remédio senão inventar algo para “meter dentro do “caixote”. Há quem garanta que  foi apenas para receber adiantamentos para a Bienal de 2017, que de facto receberam.

“Quente de um lado, frio do outro. Duas exposições com um corredor a dividi-las, naquele que é considerado por muitos como o museu mais pequeno do mundo. O Museu, que é, por si só, uma obra de arte do artista Francisco Tropa”, estreou em outubro de 2016, “não uma, mas duas exposições”, justificava o site do município, onde “O Museu” é visto com desdém por muitos dos que integram este poder local socialista

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“O permanente repto à cidade” resultou na implementação de um equipamento que pode ser “visitado” 24 horas por dia.

Como O Museu não tem porta nem vigilância, vai servindo de sanitário público de apoio aos utentes que pela calada da noite vão matar a fome e a sede a uma das roullotes que vendem comes e bebes na Praça das Cortes, que vai entrar em obras para acolher um novo parque de estacionamento, que deixará de ser gratuito.

Voltamos a outubro e ao site da Câmara Municipal de Coimbra para recordarmos a opinião do então feliz presidente da edilidade.

“A criação artística, a criatividade das pessoas, o exercício da cidadania, a capacidade realizadora que é evidenciada de uma forma muito peculiar, desafiadora, estimulante, que mostra uma caraterística especial de Coimbra que às vezes é esquecida: Coimbra é uma cidade notável, onde as diferenças se encontram e os diferentes se encontram reciprocamente. Está inaugurado o museu!”, sintetizou o presidente da CMC, Manuel Machado, que salientou o seu “reconhecimento por todos os envolvidos”.

Carlos Antunes, diretor do CAPC, também estava entusiasmado:

Este Museu “é uma reflexão, uma parábola, uma crítica ao modelo curatorial”, dispondo de um diretor, um curador e um conservador. Mas a sua pequenez não o impede de apresentar duas exposições em simultâneo. A Quente está ligada ao tema da próxima Anozero: Curar e Reparar. Além de um texto na parede, tem um par de luvas (usados por diferentes “curadores”), duas faces esculpidas em xisto, e um livro aberto do escritor Roberto Bolaño. Há também um pequeno retângulo com um QR Code e um link para uma entrevista de Nuno Grande a Delfim Sardo e João Maria André que em muito faz aumentar as dimensões deste Museu alegadamente mais pequeno do mundo.

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Na outra ilharga, a exposição Frio, a contrastar com a Quente, chamando a atenção para a vastidão da área ardida este ano em Portugal, equivalente a cerca de 150.000 campos de futebol.

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A CMC informava-nos ainda que além de Manuel Machado e Carlos Antunes, a inauguração contou com a presença da vereadora da Cultura da CMC, Carina Gomes, da vice-reitora da UC Clara Almeida Santos e João Maria André, entre outras personalidades”. Vendo as fotos que estão no Facebook da autarquia constatamos que as  “personalidades”  estão muito encantadas com a obra que pagaram com dinheiros do povo.

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“O Museu” situa-se na margem esquerda do Rio Mondego, próximo da Ponte de Santa Clara e dentro da Praça das Cortes, espaço que a Câmara Municipal de Coimbra (CMC) irá começar a recuperar em breve, criando uma área pedonal qualificada e um estacionamento regrado, mas que por enquanto é um parque de caravanas onde  durante a noite se vendem”produtos endógenos” como Hot Dog´s, Hamburguer´s e Kebab´s.

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O executivo da Câmara Municipal de Coimbra votou, no final de outurno, uma proposta de apoio pontual ao CAPC, no valor de 10 mil euros, para a pré-produção da segunda edição do Anozero – bienal de arte contemporânea de Coimbra.

Segundo a CMC a edição de 2017  da AnoZero (tudo junto) está orçamentada em 300 mil euros. Na de 2015 terão sigo “gastos” mais de 550 ooo.oo€.

A CMC adiantava nessa ocasião que este apoio servirá para o CAPC “fazer face às despesas necessárias para a preparação do Anozero’17, um evento de grande dimensão que exige uma planificação atempada”.

Informação municipal envida a NDC acrescenta que o CAPC  se encontra a preparar o Anozero’17, que já tem data de inauguração, 11 de novembro 2017 (e prolongar-se-á por sete semanas).

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O programa definitivo ainda estará em construção, mas a CMC contava que a bienal apresentará obras de, no máximo, 20 artistas, em todas as tipologias: filme, vídeo, fotografia, pintura, escultura, instalação e performance, entre outras.

A citada CMC revelou que a bienal Anozero’17 terá como tema Curar e Reparar e consistirá num única exposição repartida por vários lugares da cidade.

O Aqueduto de São Sebastião, Biblioteca Geral, Biblioteca Joanina, Café Santa Cruz, Casa da Escrita, Convento São Francisco, sede do CAPC, CAPC – Sereia, Colégio das Artes, Colégio do Carmo, Colégio São Bento, Colégio São Tomás, Colégios Universitários da Rua da Sofia, Criptopórtico Romano de Aeminium (do Museu Nacional Machado de Castro), Laboratório Chímico, Mosteiro de Santa Cruz, Sala da Cidade, Jardim Botânico, Mosteiro de Santa Clara-a-Velha, Museu Zoológico, Colégio de Jesus, Prisão académica, Sala do Exame Privado e Pátio das Escolas sãos espaços escolhidos pelos promotores.

O ciclo de conferências tem como tema “O Cuidado como Categoria Estética” e divide-se em 12 sessões, todas elas com nomes sonantes do mundo das artes. Uma edição que tem Delfim Sardo como curador geral, contando com a colaboração de Ana Luísa Teixeira de Freitas.

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