Coimbra

Biografia de António Arnaut lançada em Coimbra

Notícias de Coimbra | 8 anos atrás em 13-03-2017

Andava boa parte do país a debater, apaixonadamente, a criação do Serviço Nacional de Saúde, quando António Arnaut é chamado ao telefone. Levanta-se do seu lugar na mesa que presidia aos trabalhos da Assembleia da República e desloca-se a um gabinete contíguo para atender a chamada. Do outro lado da linha, um amigo lança-lhe uma pergunta provocatória: “É do SNS”? A resposta surge pronta: “Sim, fala o próprio”.

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O episódio, contado pelos jornalistas Luís Godinho e Ana Luísa Delgado em António Arnaut – Biografia, a lançar em no dia 17 de março, pelas 18:00, na Casa da Cultura em Coimbra, é demonstrativo da forma como o “pai” do SNS viveu apaixonadamente o processo de criação de um sistema de cuidados médicos universal e gratuito, uma das mais importantes conquistas sociais do 25 de Abril.

O livro desvenda os meandros desse processo, incluindo a chegada acidental de António Arnaut a ministro dos Assuntos Sociais (1978), as divergências políticas que levaram à rutura do Governo de coligação entre PS e CDS por causa do SNS e um pedido especial feito pelo governante a um «amigo fraterno» para que o despacho em que abre os serviços médicos a todos os cidadãos fosse publicado em Diário da República antes da queda do Executivo.

Nascido numa família humilde de uma aldeia do interior beirão, António Duarte Arnaut ficará para sempre ligado a alguns dos momentos mais decisivos da História contemporânea portuguesa. Membro ativo da oposição à ditadura salazarista, foi o primeiro a assinar a ata fundadora do Partido Socialista, em 1973. Eleito deputado nas primeiras eleições pós-25 de Abril, é ele quem lê, emocionado, no plenário da Assembleia Constituinte, o texto da primeira Constituição da República Portuguesa aprovada em democracia. Nos três anos seguintes tem um papel decisivo na criação do Serviço Nacional de Saúde.

Para António Arnaut, os princípios éticos constituem a “trave-mestra” do exercício da atividade política. Por isso, quando os primeiros sinais de corrupção começaram a surgir nos corredores do poder, fez as malas e regressou a Coimbra para retomar a carreira de advogado, sem contudo abdicar de uma intervenção cívica que concretiza das mais diversas formas, na defesa dos valores por que sempre batalhou, enquanto homem livre, democrata, republicano e socialista.

Grão-Mestre do Grande Oriente Lusitano entre 2002 3 2005, é também um autor profícuo, tendo publicado mais de três dezenas de títulos. “Costuma dizer que é nos livros que se assume e resume e que, por isso, quem o quiser conhecer melhor terá de o ler. Esperamos que esta biografia possa ajudar a tornar melhor conhecida a vida e obra desta figura marcante da História portuguesa”, escrevem os autores do livro na introdução a António Arnaut – Biografia.

 

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