Opinião
A Académica dos dias actuais vive à beira do abismo
PAULO ALMEIDA
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Qualquer um de nós já viveu momentos excepcionais na Académica, vitórias inesquecíveis. Derrotas também. Que não nos afastam, nunca afastaram. Na Assembleia Geral de ontem viveu-se mais um desses momentos em que os sócios não hesitaram em fazer, mais uma vez, uma clara aposta nas convicções e na Académica em que se revêem. Depois de em final de Maio deste ano ter sido obtida a vitória da SDUQ, excelente resultado que nunca é demais enaltecer, os sócios perceberam a responsabilidade acrescida que detêm e ontem, com sala cheia, responderam ao apelo dos que acreditam numa Académica livre e informada, de todos e não de um só.
Tal como aquando da conquista da SDUQ, o chumbo do orçamento de ontem e demais matérias colocadas à consideração dos sócios, recolheu os votos de uma percentagem significativa dos que acreditam num ideal e que demonstraram inequivocamente de que cabe aos sócios continuar a decidir acerca dos destinos da Instituição, mesmo que agora sob a forma de sociedade comercial. Ficou-se ontem a saber que o futsal terminou sem a necessária deliberação da Assembleia Geral da AAC/OAF. Que o presidente Ricardo Morgado acredita numa só Académica e por isso não gosta da experiência sub-23 pretendida pela direcção do OAF. Sem que isso infelizmente já cause admiração entre os presentes, soube-se pelos próprios que o presidente do Conselho Fiscal não deu qualquer parecer (obrigatório por lei) aquando da constituição da SDUQ e que o presidente da Mesa da Assembleia Geral desconhece o orçamento da SDUQ, um que pelos vistos já terá sido aprovado em reunião magna inexistente e depois entregue na Liga.
Tamanhas desconsiderações pelos sócios, pela Académica, não ficaram sem resposta. Luis Filipe Pereira, João Francisco Campos, Nuno Oliveira, entre outros, mostraram a sua indignação. Alfredo Castanheira Neves e Álvaro Amaro, cada um à sua maneira, expuseram a debilidade do Engº Eduardo Simões para o exercício do cargo. Álvaro Amaro, num apelo dirigido ao presidente da Mesa, afirmou que já não existe um normal funcionamento da Instituição. E que dizer, por último, das palavras do Magnífico Reitor Rui de Alarcão que foi peremptório na recusa do pacto social da Sduq entretanto constituída pela direcção da Académica? A resposta foi apresentada pelo Engº Eduardo Simões: a culpa é dos seus juristas, os da direcção. E depois passou a falar do jogo com o Eirense ou da enorme despesa que o Bingo tem em bolas, se a memória não me falha.
Servem este exemplos para concluir que cumprir Estatutos e a Lei devia ser a normalidade na Académica. Nunca a excepção. O alheamento da realidade é perigoso porque fomenta o divórcio com os sócios e mina a confiança. Resultado: vive-se cada Assembleia Geral como se fosse a última. Digo, a Académica dos dias actuais vive à beira do abismo. Não quero que os sócios sejam arrastados. Vai ser mesmo necessário encarar cada Assembleia Geral como uma última oportunidade de nos dirigirmos aos sócios.
PAULO ALMEIDA
Jurista – Sócio da CAPA – Sociedade de Advogados
Presidente da Comissão Política Distrital de Coimbra do CDS
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