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“Magrinha, mas jeitosinha”! Primeiras sardinhas já dão ar da sua graça na Figueira da Foz

Notícias de Coimbra | 6 horas atrás em 24-04-2025

A pesca da sardinha foi oficialmente retomada no início desta semana, após uma paragem de quatro meses.

O NDC esteve na manhã desta quarta-feira, 24 de abril, no Mercado Engenheiro Silva, na Figueira da Foz, para acompanhar o regresso deste peixe tão apreciado pelos portugueses.

Entre bancas repletas de peixe fresco, encontrámos Belmira, peixeira com mais de 40 anos de experiência, que partilhou connosco a experiência de uma vida dedicada ao peixe — sempre no mesmo local.

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“Comecei a ajudar a minha mãe quando ainda andava na escola. A minha mãe foi peixeira toda a vida aqui, e eu segui-lhe os passos”, conta-nos com orgulho. Ao longo das décadas, foi criando uma clientela fiel: “Graças a Deus, já são muitos anos. As pessoas ligam, encomendam, já vêm diretamente aqui ao banco. Mas para isso é preciso respeito e seriedade.”

Neste dia, Belmira trouxe sardinha pela primeira vez este ano. “Está magrinha, mas as pessoas querem-na na mesma. É o primeiro dia”, explica. O preço está fixado nos 4 euros o quilo, apesar da qualidade ainda não ser a ideal. “É linda por fora, mas por dentro ainda não está como devia. Ainda não provei este ano, e hoje também não vou provar.”

Quanto às expectativas para o feriado e fim de semana, Belmira mostra-se pouco otimista. “Sendo à sexta-feira, as pessoas aproveitam para fugir numa escapadinha. Para o mercado é mau.”

E os preços da sardinha tendem a disparar à medida que se aproximam os Santos Populares. “Ela foge dos santos! Nesta altura ainda há alguma, mas quando chegam os santos, parece que os barcos não apanham. E sobe muito na lota. O ano passado chegou aos 400 euros o cabaz.”

Na opinião da veterana peixeira, “a melhor sardinha é a nossa, da Figueira. Pequena, mas muito saborosa.” Ainda assim, admite que a do Algarve também é boa, ao passo que a de Peniche, no ano passado, era “muito magra”.

E quando é que a sardinha está boa para pingar no pão? “Lá para agosto. Agora é só para matar o desejo. Quem gosta mesmo, come de qualquer maneira, mas para pingar no pão… nem no São João.”

Ao lado está Celeste Maricato, natural de Buarcos e peixeira há 25 anos — embora a ligação ao mar venha desde muito antes.

“Nasci mesmo em Buarcos. Desde os 16 anos que estou ligada ao peixe”, conta-nos. Trabalhou primeiro para uma colega, durante quatro anos, e desde 1999 que tem banca própria. “A peixaria é minha. Toda a vida me chamaram Leti, por isso ficou Peixaria Lete.”

A sardinha chegou esta semana, e apesar de ainda não estar no ponto ideal, já faz as delícias de quem sente saudades dos sabores de verão.

“Está muito pequenina, mas jeitosinha. Não é aquela sardinha gorda”, explica Lete. O preço ronda os 4 euros o quilo, enquanto a maior, de Peniche chega aos 5 euros.

A procura começou devagar, mas tem aumentado. “Na terça-feira não houve muita saída, mas ontem já vendi tudo. Trouxe duas caixas, foi tudo embora.”

Para o fim de semana prolongado, a peixeira espera mais movimento: “Agora com a novidade, as pessoas procuram. E vêm sempre cá.”

Ainda assim, a sardinha ideal — a que pinga no pão — ainda vai demorar a chegar. “Só lá para fins de junho ou julho. Todos os anos é assim”, refere. Para já, serve para “matar o desejo”.

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