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Descoberta uma nova cor (nunca antes vista pelos olhos)

NOTÍCIAS DE COIMBRA | 5 horas atrás em 21-04-2025

Investigadores da Universidade de Berkeley, na Califórnia, afirmam ter conseguido aquilo que parecia impossível: mostrar uma cor nunca antes vista pelos olhos humanos.

O feito, descrito num artigo publicado na prestigiada revista Science Advances, resultou da utilização de tecnologia laser para estimular diretamente células da retina, provocando uma perceção cromática além dos limites naturais da visão humana. O nome atribuído à nova cor? “Olo”.

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Apesar de não ser especialmente chamativa — os poucos que a viram descrevem-na como um tom próximo do azul-esverdeado — a relevância está menos na estética e mais no salto científico que representa. Segundo os cientistas envolvidos, o método desenvolvido permite contornar os mecanismos habituais da visão humana e ativar cones individuais na retina, criando uma perceção que não surge de forma natural.

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“O cérebro não sabia muito bem o que fazer com aquele estímulo”, conta Ren Ng, engenheiro elétrico da equipa, em declarações ao The Guardian. “Foi um momento surpreendente. A cor é incrivelmente saturada e completamente diferente de tudo o que já tínhamos visto.”

A tecnologia usada no estudo, apelidada de Oz, é ainda um protótipo experimental. Funciona com pulsos precisos de laser disparados diretamente para a retina, ativando seletivamente os cones que detetam comprimentos de onda médios — normalmente associados à cor verde. Isso cria um efeito ilusório em que o cérebro interpreta uma cor “nova” que não corresponde a qualquer combinação de luzes naturais.

Segundo os investigadores, esta estimulação controlada levou ao surgimento do “olo”, uma cor que só pode ser gerada em ambiente de laboratório. Para dar uma ideia aproximada, os autores publicaram uma imagem de um quadrado em tom turquesa, embora sublinhem que aquilo que o público vê é apenas uma pálida representação do verdadeiro fenómeno.

Austin Roorda, outro dos cientistas envolvidos, explica: “A imagem não é fiel. O que se vê no ecrã está muito longe da experiência real de ver o ‘olo’.”

Nem todos, no entanto, concordam com a ideia de que se trata de uma nova cor. John Barbur, especialista em visão humana da Universidade St. George’s, em Londres, considera que o trabalho tem “valor limitado” e argumenta que “não se trata verdadeiramente de uma cor inédita, mas sim de uma forma extrema de verde, observável apenas em condições muito específicas e com um sistema visual intacto”, pode ler-se na CBN.

Críticas à parte, a equipa de Berkeley defende que esta experiência abre novas portas para a investigação sobre como o cérebro interpreta a cor, podendo, no futuro, ter implicações em tecnologias de realidade aumentada, diagnóstico visual e até na criação de novas experiências sensoriais.

Mas não se entusiasme demasiado: o próprio Ren Ng admite que ainda falta muito para que o “olo” possa ser integrado em dispositivos do dia a dia. “Não vamos ver esta cor em ecrãs de telemóvel, televisões ou óculos de realidade virtual tão cedo. Estamos muito longe disso.”

Por agora, o “olo” permanece um fenómeno intrigante e exclusivo do laboratório — visível apenas a alguns olhos, sob condições altamente controladas.

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