Opinião
Dos direitos da esquerda
LÚCIA SANTOS
Ao longo dos anos o PCP tem vindo a brindar-nos com formas de manifestação política muito particulares e que já muito pouco nos espantam, mas as declarações do deputado Miguel Tiago fizeram reacender um problema crónico da nossa sociedade.
Analisando os factos, um deputado da Assembleia da República faz através de uma declaração no facebook uma clara ameaça e um evidente apelo à violência contra um grupo específico de pessoas, a que simpaticamente denominou de “corja”, e o que acontece? Nada!
Mas e se fosse a alguém de direita a fazer uma afirmação meramente semelhante? Nesse caso seria tudo bem diferente. Seria caso de escândalo nacional e o desgraçado que o tivesse feito haveria de ser perseguido até à exaustão. Mas não se preocupem, foi um comunista e, nesse caso, não fora o incómodo manifestado por algumas (poucas) pessoas, nada mais acontece, porque eles podem, eles podem tudo.
Parece que os portugueses foram formatados para sentenciar os actos de natureza extremista provenientes da direita, mas não as barbaridades cometidas pela extrema esquerda, de atrocidade idêntica.
Estranho entendimento este sobre o conceito de liberdade de expressão. À esquerda, em particular à extrema esquerda, tudo é admitido, mesmo sabendo que a liberdade de expressão é algo que desprezam, como tão bem fica claro nos regimes que o PCP apoia.
Esta dualidade de critérios que impera no nosso país é verdadeiramente assustadora e preocupante. Se for a direita é fascismo, se for a esquerda é apenas entendido como uma prova de vitalidade no combate político em democracia. É o comunismo no seu melhor, a conjugação do verbo poder passa sempre por: Eu posso, tu não podes!
Por tudo isto te digo camarada Miguel Tiago, o PREC já lá vai, já antes de ti tentaram isso, impor o comunismo pela força. Também na altura diziam que eram mais, mas felizmente esses delírios totalitários sempre foram travados por algo que bem sei que desprezam, as eleições. E mais te digo camarada, no dia que vocês quiserem passar por cima da democracia, como já quiseram, cá estaremos, mesmo sem Jaime Neves, para um novo 25 de Novembro!
LÚCIA SANTOS
Presidente da Juventude Popular de Coimbra
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