Justiça
O menino que entrou num carro e nunca mais foi visto: “Foi alguém que ele conhecia”

Imagem: DR
Desapareceu em Famalicão em 1999. A família acredita que foi levado por alguém conhecido. Pistas surgiram até na Suíça, mas o mistério permanece.
Há 26 anos que Rui Pereira, então com 13 anos, desapareceu sem deixar rasto. Foi a 2 de março de 1999, em Vila Nova de Famalicão, quando brincava com um amigo junto ao Parque de Sinçães, perto da sua casa, no bairro das Lameiras. Terá sido chamado por um homem e entrou num carro de forma voluntária. Desde então, nunca mais foi visto.
A irmã de Rui continua convencida: “Foi uma pessoa que ele conhecia.” A família mantém viva a ideia de que Rui não teria ido com um estranho. Esse sentimento, partilhado pelos pais, sustenta a esperança de que o filho possa ainda estar vivo e de que, um dia, volte a casa.
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Nos primeiros dias após o desaparecimento, a Polícia Judiciária (PJ) realizou buscas na zona e alargou a investigação. Foram emitidos alertas, partilhadas fotografias e solicitado o apoio da Interpol. No entanto, nenhum dado concreto foi recolhido.
Pouco tempo depois, a família foi alvo de um bilhete anónimo a pedir dinheiro em troca de informações. Seguiu-se um telefonema, alegando que Rui estaria numa vila no norte de França, envolvido numa rede de pedofilia. A PJ chegou a investigar a localidade de Poix Grandville, perto de Amiens, mas a resposta das autoridades francesas foi clara: “Não existem pistas sobre o paradeiro de Rui naquela área.”
Durante três anos, não surgiu qualquer outro indício. Até que, em 2002, um emigrante português na Suíça afirmou ter visto Rui num salão de jogos em Lugano. O rapaz, segundo contou à polícia, teria dito em português que era de Famalicão e que tinha sido levado enquanto brincava no jardim.
A PJ reabriu o inquérito e enviou inspetores à Suíça em 2003. Procuraram nos bares e salões da zona, ouviram testemunhos, mas a pista esfumou-se. As informações eram vagas, contraditórias e sem sustentação. O relatório oficial concluiu que não havia elementos sólidos para localizar o menor.
Em 2004, um novo alerta no Algarve, e em 2007, novamente na Suíça, fizeram renascer a esperança. José Lages, motorista de autocarros em Lausanne, ouviu uma conversa num café em Lugano: um jovem dizia que também tinha sido raptado, que era de Famalicão e que ninguém o procurava.
Apesar de as descrições não coincidirem totalmente, a família voltou a acreditar. Mas mais uma vez, a falta de dados concretos impediu qualquer avanço.
Hoje, Rui Pereira teria 39 anos. O seu desaparecimento continua a ser um dos mais inquietantes casos por resolver em Portugal. A dor da ausência mantém-se viva, assim como a desilusão com o que a família considera ter sido uma investigação falhada e marcada por inércia.
Entre a esperança e o vazio, os pais e irmãos de Rui continuam à espera de respostas. E, acima de tudo, de um reencontro que teimam em acreditar que ainda pode acontecer.
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