Para muitas pessoas, viver perto de linhas de alta tensão continua a ser motivo de inquietação. A imagem de cabos gigantes a atravessar o céu levanta receios — não só de acidentes, mas também de potenciais efeitos invisíveis sobre a saúde, como os provocados por campos eletromagnéticos (EMFs). Mas afinal, estes receios têm fundamento?
A preocupação centra-se nos campos eletromagnéticos gerados pela eletricidade em movimento. Sempre que uma corrente elétrica percorre um cabo, um campo é automaticamente criado à sua volta — e quanto mais potente for essa corrente, mais forte será esse campo. Linhas de alta tensão, que transportam grandes quantidades de eletricidade, emitem naturalmente EMFs mais intensos do que os cabos domésticos.
Contudo, segundo especialistas, é importante distinguir entre dois conceitos muitas vezes confundidos: campos eletromagnéticos e radiação ionizante. A radiação emitida pelas linhas elétricas é não-ionizante, o que significa que não tem capacidade para danificar diretamente o ADN ou as células humanas — ao contrário, por exemplo, dos raios-X ou da radiação ultravioleta intensa, pode ler-se no Leak.
PUBLICIDADE
“Estar exposto a campos eletromagnéticos, especialmente à distância típica de uma habitação, não representa um risco comprovado para a saúde”, explicam especialistas em física e saúde pública. De facto, até o simples carregador do telemóvel emite EMFs, embora a uma escala muito reduzida.
Claro que a exposição direta e prolongada, como trabalhar diariamente colado a uma estrutura elétrica, deve ser evitada, mas isso já se enquadra mais numa questão de segurança física do que numa ameaça invisível.
O consenso científico atual é claro: viver próximo de linhas de alta tensão não é, por si só, perigoso. Desde que exista uma distância de segurança razoável e que as infraestruturas estejam bem mantidas, os campos eletromagnéticos emitidos por estas estruturas não colocam em risco a saúde da população.
Para os mais cautelosos, recomenda-se manter distância sempre que possível e evitar contacto direto com postes ou cabos. Mas não é necessário viver em constante medo: os EMFs, tal como a luz solar ou as ondas de rádio, fazem parte do nosso dia a dia — e, tal como eles, também têm limites seguros de exposição.
PUBLICIDADE
PUBLICIDADE