Coimbra
Investigador de Coimbra ganha bolsa de 1,4 milhões de euros
Uma bolsa Starting Grant do Conselho Europeu de Investigação (ERC), no valor de 1,4 milhões de euros, foi atribuída a Miguel Cardina, investigador do Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra, para concretizar o projeto de investigação «CROME – Crossed Memories, Politics of Silence: The Colonial-Liberation Wars in Postcolonial Times/Memórias cruzadas, políticas do silêncio: as guerras coloniais e de libertação em tempos pós-coloniais».
O projeto deMiguel Cardina tem como desafio principal a produção de conhecimento inovador sobre as memórias das guerras coloniais e de libertação. A abordagem escolhida é, simultaneamente, diacrónica e comparativa. Pretende-se assim fazer uma história da memória das guerras e dos legados coloniais e anticoloniais desde o final dos conflitos até aos dias de hoje, questionando criticamente o modo como esses passados têm sido lembrados e silenciados.
A investigação será levada a cabo em Portugal, antiga potência colonial, em Angola, Moçambique e Guiné-Bissau, territórios nos quais deflagrou a guerra, e em Cabo Verde e São Tomé e Príncipe, onde a matriz anticolonial foi determinante no processo de construção nacional. CROME irá explorar quadros teóricos inovadores no campo dos Estudos da Memória e apresentar novas perspetivas para o estudo das guerras coloniais e de libertação. Neste sentido, o projeto contribuirá para enfrentar um passado ainda traumático, consequência da pesada herança deixada pelo colonialismo europeu.
Neste concurso para Starting Grants, o ERC recebeu cerca de 3.000 candidaturas. O seu objetivo é o de apoiar os/as jovens cientistas europeus mais promissores, líderes de novas equipas de investigação em áreas de reconhecido valor científico.
Miguel Cardina é investigador do Centro de Estudos Sociais. É atualmente vice-presidente do Conselho Científico do CES. Doutorou-se com a tese Margem de Certa Maneira. O maoísmo em Portugal: 1964-1974 (Tinta-da-China, 2011), à qual foi atribuído o Prémio Victor de Sá de História Contemporânea (2011) e o Prémio CES para Jovens Cientistas Sociais de Língua Portuguesa (2013). Os seus atuais interesses de investigação centram-se nas temáticas do colonialismo, do anticolonialismo e da guerra colonial e na análise das dinâmicas entre história e memória.
Conseguidos nos concursos mais competitivos da Europa, este é já o quinto financiamento do ERC que o CES obtém, num total de mais de 9 milhões de euros. Depois da Advanced Grant atribuída aBoaventura de Sousa Santos (2010), no valor de 2,4 milhões de euros, para o projeto de investigação «ALICE – Espelhos estranhos, lições imprevistas: definindo para a Europa um novo modo de partilhar as experiências do mundo», da Starting Grant outorgada a Ana Cristina Santos (2013), para realizar o projeto «INTIMATE – Cidadania, Cuidado e Escolha: A Micropolítica da Intimidade na Europa do Sul» (1,4 milhões de euros) e das Consolidador Grants atribuídas aMargarida Calafate Ribeiro e Helena Machado (2015), para desenvolverem, respetivamente, os projetos «MEMOIRS– Os Filhos dos Impérios e Pós-Memórias Europeias» (1,9 milhões euros) e «EXCHANGE – Geneticistas forenses e a partilha transnacional de informação genética na União Europeia: relações entre ciência e controlo social, cidadania e democracia» (1,8 milhões de euros).
As bolsas ERC que, com o apoio da UE, financiam a investigação de ponta no espaço europeu, têm sido pouco atribuídas a cientistas em Portugal. É, portanto, significativa mais esta atribuição a estudos conduzidos no Centro de Estudos Sociais, representativa da qualidade e inovação de projetos na área da História Colonial e Pós-Colonial e dos Estudos da Memória.
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