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Esta espécie de caracol mata pessoas e foi proibido em Portugal. Cuidado!

Imagem: DR
A presença dos caracóis-maçã (género Pomacea) em Portugal está a gerar forte preocupação entre as autoridades e os agricultores.
Esta espécie invasora foi recentemente proibida no país, num esforço para travar uma potencial praga que, segundo a Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV), poderá causar prejuízos na ordem das centenas de milhares de euros, com especial impacto na cultura do arroz.
A entrada, posse, venda e circulação destes moluscos foi oficialmente proibida, no âmbito de um plano de contingência lançado pela DGAV. A medida visa conter a propagação de uma espécie que representa não só um risco económico, mas também ambiental e até para a saúde pública. Os sintomas de ataques desta praga são pouco específicos, embora possa transmitir parasitas que causam meningite, erupções cutâneas, dores abdominais, febre, entre outros.
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Embora os sintomas de infestação sejam difíceis de identificar, os caracóis-maçã causam danos significativos nas plantas, deixando folhas rasgadas, destruindo raízes e caules, e atacando particularmente o arroz nas fases iniciais de crescimento. A cultura por sementeira é a mais vulnerável, já que os caracóis atacam as plântulas logo após emergirem da terra, comprometendo o desenvolvimento das plantas.
Além dos riscos agrícolas, esta espécie apresenta um perigo acrescido para os ecossistemas de água doce, onde pode desequilibrar a cadeia alimentar ao alimentar-se de algas, vegetação aquática e até de ovos de outras espécies. Mas o alerta estende-se também à saúde humana: os caracóis-maçã são hospedeiros intermediários do verme pulmonar do rato (Angiostrongylus cantonensis), parasita que pode infetar humanos caso sejam consumidos caracóis crus ou mal cozinhados. As consequências podem ir de infeções gastrointestinais a casos graves de meningite eosinofílica, com possíveis danos neurológicos permanentes.
O ritmo de reprodução dos caracóis é outro motivo de alarme: uma única fêmea pode pôr entre 500 e 700 ovos a cada duas semanas. Os ovos são fáceis de identificar – surgem em massas com tonalidades entre o amarelo-dourado e o castanho-escuro, com faixas marcadas e coladas a superfícies próximas da água.
Estes moluscos, que podem atingir até 15 cm de altura, preferem águas doces, pouco salgadas, calmas e bem oxigenadas. Alimentam-se de algas, frutos, vegetais e matéria orgânica em decomposição, o que facilita a sua adaptação a vários ambientes aquáticos, tornando a sua erradicação um desafio.
Com o potencial destrutivo já conhecido noutros países, Portugal tenta agora agir a tempo. A proibição decretada é uma tentativa de evitar que o caracol-maçã se torne mais um pesadelo ambiental e económico no território nacional.
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