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Aldeia(milhões)

NOTÍCIAS DE COIMBRA | 5 dias atrás em 26-03-2025

No concelho de Marvão, rodeada pelas deslumbrantes paisagens da região, encontra-se a herdade do Pereiro, uma propriedade desabitada e a cair no esquecimento.

Em tempos prósperos, esta aldeia chegou a empregar cerca de mil pessoas e era um local autossuficiente, com uma vasta gama de infraestruturas, como habitações, escola, infantário, capela, refeitório, termas, até casino e aeródromo. Atualmente, encontra-se à venda por um valor de 9 milhões de euros.

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Os telhados em ruínas, a vegetação descontrolada, as teias de aranha por toda a parte e o silêncio absoluto contrastam com a vibrante vida que esta aldeia teve no passado. A herdade, com 20 mil metros quadrados de área habitável e 80 hectares de olivais e montado de sobreiro, foi adquirida em 1931 por João Nunes Sequeira, um dos maiores empresários do Alentejo no século XX. Nascido em 1895 em Santo António das Areias, Sequeira construiu um império a partir do comércio e da indústria, sendo também responsável por transformar a herdade do Pereiro numa aldeia próspera, onde a vida girava à volta do trabalho, da habitação e das infraestruturas criadas para os seus trabalhadores.

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Durante mais de 30 anos, a aldeia foi um centro de atividade, com escolas, fábricas, lojas e até uma pista de aviões, que serviu durante a II Guerra Mundial para atividades clandestinas. As termas da Fadagosa, que pertencem à herdade, eram também um ponto de referência da região, recebendo muitos visitantes, incluindo espanhóis que faziam uso das suas águas terapêuticas.

No entanto, com o passar dos anos e após a morte de João Nunes Sequeira em 1968, os negócios começaram a abrandar. A aldeia foi perdendo o dinamismo, com a venda das propriedades e a escassez de investimento. Nos anos 90, a aldeia já estava praticamente deserta, o que levou à degradação progressiva da herdade.

Hoje, com a herdade à venda, o grande potencial da propriedade, que inclui a possibilidade de desenvolver turismo de natureza e aventura, não tem conseguido atrair um comprador. O elevado preço e o estado de degradação da aldeia tornam a negociação difícil, e muitos receiam que o património acabe por se perder no esquecimento. O futuro da herdade do Pereiro continua incerto, com muitos locais a lamentarem a perda de uma parte da história da região.

A reportagem do Jornal de Notícias, que partilhou a história e as memórias de quem viveu na herdade, como Maria Ana Rabaça, uma antiga residente que ainda recorda com saudade a vida vibrante da aldeia.

A venda da herdade continua a ser uma tentativa de concretizar um negócio milionário, mas o destino do local permanece indefinido.

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