Coimbra
Rotary Clube de Coimbra-Olivais evocou Carlos Alberto da Mota Pinto
Carlos Alberto da Mota Pinto teria completado 80 anos ontem (nasceu a Pombal a 25 de Julho de 1936).
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Para assinalar esta data, o Rotary Clube de Coimbra-Olivais, liderado por Jorge Castilho, promoveu uma sessão evocativa da memória do antigo Primeiro Ministro, dirigente do PSD e Professor da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, que faleceu há 31 anos (a 7 de Maio de 1985, vítima de um aneurisma fulminante).
A sessão, que decorreu no Hotel Tryp Coimbra, contou com alguns testemunhos muito curiosos, bem como relatos de episódios inéditos por parte de antigos alunos, de amigos e da própria viúva, Fernanda Mota Pinto – esta última ressalvando que só relatava factos que não punham em causa outras figuras de políticos nacionais e estrangeiros com os quais contactou.
Um dos factos pouco conhecidos é o de que Mota Pinto chegou a ser Vice-Reitor da Universidade de Coimbra, mas apenas por um dia. Logo a seguir ao 25 de Abril de 1974 as funções de Reitor foram assumidas por Joaquim Teixeira Ribeiro, que convidou para Vice-Reitores Mota Pinto e Andrée Crabbé Rocha (casada com Miguel Torga).
Estes aceitaram, com a condição de não haver oposição por parte dos órgãos das diversas Faculdades e também da Associação Académica. Teixeira Ribeiro fez as indispensáveis consultas e como não houvesse oposição os dois Vice-Reitores tomaram posse. Contudo, no dia seguinte surgiram, na imprensa, posições de dirigentes estudantis a manifestarem-se contras as nomeações, pelo que Mota Pinto e Crabbé Rocha imediatamente apresentaram a sua demissão.
As suas qualidades como Professor foram apontadas por antigos alunos, entre os quais o advogado Jorge Côrte-Real e o juiz-conselheiro do Supremo Tribunal de Justiça Santos Cabral. Este último afirmou: “Mota Pinto foi um dos Professores que mais me marcaram, não só pela excelência do seu ensino, que perdura até aos nossos dias, mas, também, pelas suas qualidades humanas. A lucidez e clarividência do Jurista tinha como contraponto a afabilidade e simplicidade do Homem sempre disponível para um conselho amigo ou para um conversa esclarecedora.
Para a minha geração o Professor Mota Pinto, muito mais que um Mestre, foi um Amigo que, quando foi necessário, soube estar ao lado dos seus estudantes. A sua memória continua viva connosco”.
O Presidente do Rotary Clube de Coimbra-Olivais, Jorge Castilho, recordou que Mota Pinto foi o autor da designação “Assembleia da República” atribuída ao Parlamento pela Assembleia Constituinte em Março de 1976; tal como foi o autor da frase que ficou célebre no primeiro comício do PPD, em Outubro de 1974: “Hoje somos muitos. Amanhã seremos milhões”.
Mota Pinto desempenhou destacadas funções políticas, entre as quais as de Primeiro Ministro, Vice-Primeiro Ministro, Ministro da Defesa, Ministro do Comércio e Turismo.
O seu desapego ao poder ficou bem simbolizado numa célebre frase em entrevista, quando era Primeiro-Ministro, dizendo que tinha as chaves do carro sempre à mão para regressar a Coimbra quando sentisse que não tinha condições para se manter no cargo.
Mota Pinto era apontado como o provável vencedor do Congresso do PSD que se realizou na Figueira da Foz de 17 a 19 de Maio de 1985. A morte levou-o, subitamente, 10 dias antes. Não fora esse infausto acontecimento e, provavelmente, Portugal seria hoje bem diferente.
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