Saúde

Ozempic pode reduzir o risco de demência em pessoas com diabetes?

NOTÍCIAS DE COIMBRA | 8 minutos atrás em 17-03-2025

Um novo estudo publicado na revista Lancet eClinical Medicine sugere que a semaglutida, substância ativa do Ozempic, pode estar associada a um menor risco de declínio cognitivo, podendo até ter um papel na prevenção da demência.

A investigação analisou dados de mais de 100 mil pacientes nos Estados Unidos com diabetes tipo 2, incluindo cerca de 20 mil que estavam a tomar semaglutida. Os resultados mostraram que aqueles que utilizavam este medicamento apresentavam taxas mais baixas de deterioração cognitiva em comparação com outros doentes tratados com diferentes fármacos para a diabetes.

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Os cientistas não chegaram a afirmar que o Ozempic reduz diretamente o risco de problemas cognitivos, mas sublinham que os dados obtidos justificam a realização de mais estudos clínicos para validar esta possível vantagem.

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O Ozempic é um medicamento injetável, administrado semanalmente, aprovado para o controlo do açúcar no sangue em doentes com diabetes tipo 2. No entanto, também é amplamente utilizado para perda de peso, sob a designação comercial Wegovy.

O fármaco atua imitando o peptídeo semelhante ao glucagon 1 (GLP-1), uma substância que estimula a produção de insulina, ajudando a regular os níveis de glicose no sangue. Além disso, influencia o cérebro e o sistema digestivo, reduzindo o apetite e atrasando o esvaziamento do estômago, o que leva a uma menor ingestão de alimentos, pode ler-se na Prevention.

Os investigadores acreditam que a semaglutida pode ter um efeito neuroprotetor, ajudando a preservar as células nervosas contra danos e envelhecimento. Alguns especialistas sugerem que pode haver também um impacto positivo na utilização da glicose pelo cérebro, o que poderia contribuir para um melhor desempenho cognitivo.

Apesar destas descobertas promissoras, os autores do estudo alertam que a investigação se focou apenas em pacientes com diabetes tipo 2 e que são necessários mais estudos para compreender se este efeito também se verifica em pessoas sem esta condição.

Até ao momento, não há evidências claras de que o Ozempic tenha um impacto direto na memória em indivíduos saudáveis. No entanto, alguns médicos acreditam que, ao promover uma melhor saúde geral, o medicamento pode indiretamente beneficiar a função cognitiva.

Por outro lado, confusão mental não está listada como um efeito colateral comum da semaglutida. No entanto, situações como hipoglicemia ou desidratação, causadas por efeitos secundários gastrointestinais do fármaco, podem levar a estados de confusão temporária.

Dado o crescente uso do Ozempic, tanto para diabetes como para perda de peso, os especialistas reforçam a necessidade de mais investigações para compreender completamente os seus efeitos a longo prazo.

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