Saúde
ULS Coimbra usa estimulação transcraniana em doenças psiquiátricas e aponta resultados muito positivos

A estimulação magnética transcraniana é uma opção terapêutica com resultados muito positivos no tratamento de doenças psiquiátricas, disseram hoje especialistas da Unidade de Saúde Local (ULS) de Coimbra, que desde 2010 utiliza este tratamento.
Em conversa com os jornalistas, António Macedo, coordenador da Unidade de Neuromodulação do Centro de Resposta Integrado de Psiquiatria da ULS, salientou que a maioria dos doentes submetidos àquela terapêutica “melhoraram substancialmente”.
A subcoordenadora da unidade, Joana Andrade, acrescentou que “cerca de dois terços dos doentes atingem uma melhoria significativa, muitos uma remissão completa” de sintomas, números que, na perspetiva clínica, “é extremamente gratificante”.
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“Do ponto de vista do doente é obviamente uma devolução da funcionalidade extremamente significativa”, sublinhou a especialista, realçando que a estimulação magnética transcraniana tem a grande vantagem de ser “extremamente confortável, segura, não necessitar de anestesia e ao nível de efeitos secundários ser praticamente inócua”.
Segundo António Macedo, este tratamento está indicado para a depressão resistente e perturbação obsessivo-compulsiva, estando a unidade a iniciar a sua utilização na psicose e na esquizofrenia, em determinados subtipos com sintomas negativos.
“Existe também a possibilidade de a expandir no futuro para outras patologias, porque de facto esta é uma opção terapêutica que tem uma possibilidade de aplicação em várias perturbações diferentes”, sublinhou.
No entanto, o psiquiatra ressalvou que “não é eficaz em todas as circunstâncias, como nenhuma terapêutica é, mas veio trazer benefício risco substancial para um grupo de doentes para os quais anteriormente não havia soluções terapêuticas”.
Além dos benefícios em saúde, Joana Andrade destacou ainda o facto de aquela terapêutica exigir apenas cerca de meia hora aos doentes, entre chegar à unidade e regressar a casa.
“No protocolo que está a ser praticado, o tratamento dura cerca de três minutos”, precisou a psiquiatra, referindo que, depois de sair da unidade, o doente “consegue voltar à sua vida normal, mantendo uma vida familiar e laboral ativa e sem grandes interrupções daquilo que é a sua dinâmica global”.
A grande maioria dos tratamentos são mantidos entre seis e nove meses, embora, em certos casos, possa ser “perfeitamente mantida” entre um ano ou ano e meio, sendo o intervalo de cada sessão decidido em cada caso pelo psiquiatra assistente.
De acordo com o coordenador António Macedo, o ciclo inicial é de 30 sessões, mas depois há também aquilo que chamamos de manutenção em que a pessoa vai fazer ao longo do tempo mais sessões e que permite melhorar alguns aspetos que ainda não possam ter melhorado completamente.
Paula Graça, de 53 anos, que sofre de depressão resistente há vários anos, é um dos doentes que faz tratamento por estimulação magnética transcraniana e que, apesar do receio inicial, notou melhorias ao longo da terapêutica.
“Sinto-me mais alegre, mais aberta e já me apetece sair. São melhorias que apenas com a medicação não sentia”, disse aos jornalistas a paciente, que atualmente efetua tratamento quinzenalmente, depois de, no primeiro mês, ter tido sessões diárias que passaram, depois, a semanais.
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