O ministro dos Assuntos Parlamentares afirmou hoje que o PS recusou uma proposta do Governo para que as conclusões da comissão de inquérito que propôs fossem conhecidas até fim de maio.
Pedro Duarte falava aos jornalistas no parlamento, minutos antes de serem retomados os trabalhos da moção de censura ao Governo, com a votação do documento que deverá ser chumbado e implicar a queda do executivo.
“É com alguma desilusão e tristeza que podemos concluir que o PS manifestamente está apostado em que o país entre numa crise política e que sejamos todos obrigados a ser chamados a ir às urnas”, começou por dizer Pedro Duarte, defendendo que o Governo “fez tudo o que podia para poder evitar uma crise”.
PUBLICIDADE
No plenário, recordou, o executivo apresentou uma proposta de retirar a moção de confiança, aceitando a comissão de inquérito proposta pelo PS e o seu objeto, mas com um prazo de quinze dias, em vez dos 90 previstos.
“O PS, todos ouvimos, manifestou discordância relativamente ao prazo que nós tínhamos proposto de 15 dias. Nós tivemos oportunidade, neste intervalo de tempo, de sugerir ao PS um novo prazo, perguntando mesmo qual seria a contraproposta”, explicou.
Segundo o ministro, o PS não respondeu e, por isso, o Governo propôs o final de maio como prazo limite para ter as conclusões da Comissão Parlamentar de Inquérito “e a partir daí o país poder continuar a andar para a frente”.
“Infelizmente aquilo que tivemos foi uma recusa liminar, o PS não só não apresentou nenhuma contraproposta, como disse que não alteraria um milímetro daquilo que era a sua posição. Perante esta circunstância, nós infelizmente temos de concluir que parece que o PS está mesmo fortemente empenhado em que o país mergulhe numa crise política”, afirmou.
Poucos minutos depois, a Assembleia da República chumbou a moção de confiança apresentada pelo Governo, provocando a sua demissão.
Votaram contra a moção de confiança o PS, Chega, BE, PCP, Livre e deputada única do PAN, Inês Sousa Real. A favor estiveram o PSD, CDS-PP e a Iniciativa Liberal.
De acordo com a Constituição, a “não aprovação de uma moção de confiança” implica a “demissão do Governo”.
O executivo de Luís Montenegro fica agora em gestão, limitado aos atos estritamente necessários ou inadiáveis à continuação da sua atividade.
PUBLICIDADE