O primeiro-ministro revelou hoje que vendeu as ações que detinha no BCP desde 1998 na semana antes de tomar posse e disse que já não está a viver num hotel em Lisboa, mas na residência oficial em São Bento.
Em entrevista à TVI/CNN, a partir precisamente da residência oficial, na véspera da votação da moção de confiança ao Governo pelo parlamento que deverá ditar a demissão do executivo, Luís Montenegro disse querer contar a historia destas ações do BCP, antecipando que um dia irá aparecer “nas notícias”.
O primeiro-ministro explicou ter comprado, em 1998, ações do então Banco Português do Atlântico, que depois deu origem no BCP.
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“Andei com elas muito tempo até que um dia as vendi e vendi com uma mais-valia ainda razoável. Mais tarde, acabei por fazer uma asneira que foi retomar a compra de ações do BCP, o que está em todas as minhas declarações do Tribunal Constitucional. E assim foi durante muitos anos”, disse, explicando que foi um investimento negativo que manteve nos últimos 10/12 anos.
Depois, aproveitou um dos aumentos de capital do banco para “comprar o equivalente ao que já tinha”, baixando o preço médio das aquisições para tentar recuperar a poupança ali acumulada.
“Eu decidi vender essas ações na semana anterior a ter tomado posse como primeiro-ministro. Vendi essas ações e tive até uma mais-valia muito significativa que, aliás, vai constar na minha declaração de rendimento deste ano”, disse, precisando que essa mais-valia foi de 200 mil euros.
Montenegro justificou a venda por, apesar de deter as ações desde 1998, “entender que, como primeiro-ministro, não devia ter ações de uma entidade colocada na bolsa”.
“Se eu tivesse mantido essas ações, elas já tinham valorizado mais três vezes”, disse.
Na entrevista, conduzida pela jornalista Sandra Felgueiras, Montenegro foi questionado por que razão optou por viver num hotel de 5 estrelas quando está em Lisboa – enquanto a sua casa na capital está em obras – em vez de na residência oficial.
“Por acaso, já estou aqui na residência em São Bento”, anunciou, dizendo ter optado por um hotel por achar que “tinha direito a ter uma vida mais privada, mais recatada” e longe do local de trabalho.
O primeiro-ministro afirmou que pagava cerca de 250 euros por noite no hotel, pagos por si, mas que quando começou a ter “câmaras à frente” desse local decidiu experimentar morar em São Bento.
“Estou a viver aqui no único quarto sobrante da antiga residência, que fica entre os gabinetes dos meus assessores. Pronto, tem sido uma experiência diferente, não tem cortinas e, portanto, tenho que estar um bocadinho mais sombrio, mas tirando isso…”, rematou.
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