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Universidade de Coimbra quer reduzir risco de transmissão de infeções hospitalares

Notícias de Coimbra | 6 horas atrás em 10-03-2025

A Universidade de Coimbra (UC) está a desenvolver novas abordagens, focadas no ser humano, com o objetivo de melhorar o clima em unidades de saúde e reduzir o risco de transmissão de infeções hospitalares.

O projeto “Human – Centric Indoor Climate for Healthcare Facilities (HumanIC)”, liderado pela Universidade Técnica de Varsóvia, em que participam as faculdades de Ciências e Tecnologia (FCTUC) e de Medicina (FMUC), é uma rede doutoral financiada no âmbito do Programa Marie Curie e visa a redução do risco de transmissão de infeções hospitalares em unidades de saúde.

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Esta investigação engloba e financia os trabalhos de onze teses de doutoramento a ser realizadas em oito universidades europeias de referência. A abordagem proposta ultrapassa os métodos tradicionais, que se concentram exclusivamente nos edifícios e nos seus sistemas de ventilação e climatização, propondo soluções que integram as interações complexas entre fontes de contaminação, fluxos de ar e as necessidades clínicas e energéticas dos hospitais.

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“Há evidências claras de que os escoamentos de ar controlam a dispersão e a exposição a agentes patogénicos transportados pelo próprio ar e depositados nas superfícies nos microambientes que rodeiam e estão nas proximidades do corpo humano. Desta forma, pretendemos desenvolver métodos inovadores que analisam as interações humanas com os microambientes de risco, como salas de cirurgia e enfermarias”, explica Manuel Gameiro da Silva, docente do Departamento de Engenharia Mecânica (DEM) da FCTUC e coordenador do projeto na UC.

“O objetivo é minimizar a propagação de agentes patogénicos transportados pelo ar, garantindo ao mesmo tempo conforto térmico e segurança. Ao gerar novos conhecimentos sobre a transmissão de contaminantes e a dinâmica dos fluxos de ar, pretendemos otimizar o design de soluções técnicas e implementar métodos eficazes de controlo do clima interior em hospitais”, afirma o também investigador da Associação para o Desenvolvimento da Aerodinâmica Industrial (ADAI).

Com um programa de investigação ambicioso e uma formação especializada, o consórcio HumanIC visa criar uma nova geração de cientistas e engenheiros que compreendam as implicações destas interfaces no futuro design hospitalar. “Este esforço é o resultado de uma colaboração entre equipas académicas europeias de topo e parceiros da indústria de AVAC (aquecimento, ventilação e ar condicionado) e saúde”, realça o especialista.

De acordo com Manuel Gameiro da Silva, o conceito de clima interior centrado no ser humano refere-se ao microambiente que rodeia o corpo humano, privilegiando a segurança e o bem-estar dos doentes. Este tipo de clima interno desempenha um papel crucial em locais como salas de operações, unidades de isolamento e laboratórios, onde a segurança depende de condições ambientais altamente controladas.

As infeções associadas aos cuidados de saúde (IACS) continuam a ser um desafio sério. Estima-se que, anualmente, mais de 4 milhões de doentes contraiam infeções nos hospitais da União Europeia, com cerca de 80 mil doentes afetados diariamente. Estas infeções, agravadas pela resistência antimicrobiana, representam não só um risco elevado de mortalidade, mas também custos significativos. Estudos recentes mostram que a melhoria do ambiente interior hospitalar pode reduzir os custos associados a doenças transmitidas pelo ar em 9% a 20%.

A pandemia de Covid-19 demonstrou a importância de um design hospitalar eficaz, à medida que muitos hospitais foram obrigados a operar além da sua capacidade normal. Este desafio é agravado pelas alterações climáticas, que aumentam a procura por cuidados de saúde devido a novas doenças e infeções relacionadas com o calor, bem como à necessidade de manter condições térmicas confortáveis nos hospitais, sem comprometer a eficiência energética.

O projeto HumanIC é financiado pela Comissão Europeia, através do programa Horizonte Europa, com o valor global de 2,7 milhões de euros, decorrerá até 2027 e conta com a participação de parceiros académicos e tecnológicos de uma dezena de países.

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