Política

Lembra-se de Celeste dos Cravos? Recebeu uma medalha… depois de morrer!

NOTÍCIAS DE COIMBRA | 22 horas atrás em 08-03-2025

O Presidente da República condecorou hoje, a título póstumo, Celeste Caeiro, a mulher que tornou o cravo símbolo do 25 de Abril de 1974, refere o site oficial de Belém.

Numa nota divulgada na página da Presidência da República, intitulada “Presidente da República condecorou ‘Celeste dos Cravos’, informa-se que Celeste Caeiro, que morreu em novembro do ano passado, foi condecorada com o grau de oficial da Ordem da Liberdade, numa cerimónia no Palácio de Belém que não foi previamente divulgada à comunicação social.

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“O Presidente da República homenageou hoje, Dia Internacional das Mulheres, Celeste Caeiro, que a 25 de Abril de 1974, espontaneamente, distribuiu cravos vermelhos aos militares revoltosos, assim dando nome à ‘Revolução dos Cravos’, como ficou conhecida em Portugal e no mundo”, refere a nota.

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A Ordem da Liberdade destina-se a distinguir serviços relevantes prestados em defesa dos valores da civilização, em prol da dignificação da Pessoa Humana e à causa da Liberdade.

“Celeste Caeiro, que partiu em novembro passado, mas continua connosco, pelo seu gesto e pelo seu compromisso, foi assim condecorada, a título póstumo, pelo Presidente da República, como Oficial da Ordem da Liberdade”, acrescenta o texto.

No dia da sua morte, em 15 de novembro do ano passado, Marcelo Rebelo de Sousa já tinha anunciado que a iria condecorar, a título póstumo.

Em resposta a perguntas dos jornalistas, no fim da 29.ª Cimeira Ibero-Americana, em Cuenca, no Equador, Marcelo Rebelo de Sousa declarou ter recebido a notícia da morte de Celeste Caeiro “com muita tristeza”.

“Eu estive com ela, depois combinámos uma ida a Belém para a condecoração, ela não pôde, uma ou duas vezes, caiu doente. E será certamente condecorada a título póstumo. Mas ela soube disso, ficou muito feliz com a notícia, infelizmente não pode receber as insígnias em vida”, acrescentou então o chefe de Estado.

Celeste Caeiro morreu aos 91 anos, no Hospital de Leiria, disse à agência Lusa a neta, Carolina Caeiro Fontela, lamentando que a sua avó nunca tenha sido homenageada em vida.

Em abril do ano passado, por ocasião das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril de 1974, ambas, residentes em Alcobaça, no distrito de Leiria, esclareceram a história de como os cravos entraram na revolução.

“Há muita gente que ainda pensa que foi uma florista [que deu um cravo a um soldado], mas a minha avó não era florista”, afirmou a neta à agência Lusa, referindo que Celeste trabalhava num ‘self-service’ no edifício Franjinhas, na Rua Braamcamp, em Lisboa.

Com a mãe e uma filha de cinco anos a seu cargo, e a viver numa “casa humilde, sem rádio e sem televisão”, só quando chegou ao trabalho, no dia 25 de Abril de 1974, é que Celeste soube que estava a haver uma revolução.

Nesse dia, o ‘self-service’, que completava um ano, não iria abrir portas, e o patrão, “que tinha mandado comprar cravos para oferecer aos clientes e decorar o espaço, disse aos funcionários que levassem um ramo cada um”.

Celeste pegou no seu ramo de cravos – “vermelhos e brancos” – e rumou ao Rossio para ver “o que há tanto tempo esperava que acontecesse”.

Foi aí que perguntou a um soldado o que estavam ali a fazer e se precisava de alguma coisa.

O soldado, “de quem nunca soube a identidade, fez sinal de que queria um cigarro”, e Celeste, que sofria dos pulmões e nunca fumou, deu-lhe antes um cravo, que o militar colocou no cano da arma e que acabaria por se tornar o símbolo da revolução.

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