Na adolescência, às vezes, eu me chamava Francisco para participar de algum trabalho literário restrito à mulher, mas, isso é passado. Escrever um texto com margem para a dúvida é inaceitável. Atualmente não há mais folhas em branco, escrevo e sou lida como mulher.
Não fui moldada por nenhuma doutrina religiosa ou familiar sei, apenas, o tamanho do meu ego e a confusão solene que é ter opinião sobre o que os homens pensam de nós mulheres.
“A mulher é um objeto de decoração no canto da sala e onde quisermos que ela esteja.” Não citarei o autor dessa frase, mas, de facto parece que é essa a importância que tem a mulher na vida de um homem. Ousarei dizer o que penso.
PUBLICIDADE
Há muito que eu saí da condição desprivilegiada que a sociedade patriarca me impôs, busquei conhecimento e informações importantes para as novas gerações de mulheres. Atualmente as leis e os questionamentos mantêm o espaço, que confere à mulher força e capacidade de agir sem impedimentos despóticos.
Aprendemos com aquelas que vieram antes de nós e que não aceitaram o rótulo “objeto de decoração”. Aliás, o homem, também nos ensinou com grande sacrifício a possibilidade de continuarmos vivas, mesmo com traumas no corpo e uma dor inenarrável na alma.
Vivemos uma urgência de séculos por uma luta que não deveria ser apenas da mulher. O mundo em andamento ainda não quer que aceitemos as coisas como dizem que elas são, o progresso é uma falsa ilusão, porque o debate não sai do campo dos direitos de equidade e autonomia.
É inaceitável que haja condições para a liberdade feminina. Como mulher, os rótulos mantidos pelo machismo são compreensíveis, dada a perspetiva da evolução masculina. Sigo as regras com exatidão, mas, ninguém controla o meu pensamento apesar de tentarem. Felizmente, em certa medida, contrariando o “mainstream”, as mulheres seguem os seus destinos nessa sociedade distópica onde alguns homens não sabem que são o elo mais fraco do seu imaginário machista.
OPINIÃO | ANGEL MACHADO – JORNALISTA
PUBLICIDADE