As mulheres ocupam apenas 30% dos cargos de gestão e 27% dos cargos de liderança nas empresas, embora representem 42% dos empregados e 59% da população ativa com ensino superior, segundo um estudo da Informa D&B hoje divulgado.
De acordo com a 15.ª edição do estudo da Informa D&B “Presença feminina nas empresas em Portugal”, na generalidade do tecido empresarial esta situação tem “uma evolução quase nula há vários anos”, uma vez que a participação de mulheres em cargos de gestão e liderança aumentou apenas um ponto percentual desde 2017.
Nas empresas onde existem equipas de gestão (empresas com pelo menos dois gestores), o trabalho aponta que “mais de um terço (39%) são exclusivamente masculinas, 6% são exclusivamente femininas e 55% são mistas”.
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Já nas empresas sujeitas a quotas na paridade de género, como é o caso das cotadas e as pertencentes ao setor público empresarial – que estão desde 2017 sujeitas à lei que estabelece o regime da representação equilibrada nos órgãos de administração e de fiscalização – registou-se uma aceleração da evolução da representatividade das mulheres em cargos de gestão.
“Nas empresas cotadas, a percentagem de mulheres com assento nos conselhos de administração era no final de 2024 de 35%, o que representa uma evolução significativa face aos 10% que se registavam em 2014”, apurou o estudo.
Nas empresas cotadas, 82% das equipas de gestão são mistas, uma percentagem que é ainda mais elevada na administração pública (83%) e no setor público empresarial (86%).
Segundo o estudo, os setores dos seguros e da banca estão entre os que registam menor paridade de género na gestão e liderança, apesar de mais de metade dos seus trabalhadores serem mulheres.
Nos seguros, apenas 17% dos cargos de gestão e 11% dos cargos de liderança são desempenhados por mulheres, enquanto na banca estas percentagens são de 22% e 13%, respetivamente.
Pelo contrário, os serviços gerais, alojamento e restauração, retalho, serviços empresariais e atividades imobiliárias são os setores que apresentam valores mais elevados na participação feminina em cargos de gestão e liderança, embora “bastante abaixo da paridade”.
As conclusões do estudo indicam ainda que é nas empresas que operam nas áreas da saúde, bem-estar, moda e educação que a presença de mulheres nos cargos de gestão e liderança ronda os 50%, representando as mulheres mais de metade do emprego.
Do trabalho resulta ainda que são as grandes empresas que registam uma maior desigualdade de género nos cargos de gestão e liderança, já que, embora 47% do emprego seja ocupado por mulheres, apenas 20% ocupam cargos de gestão e 11% cargos de liderança.
Outra das conclusões é que as empresas com liderança feminina (27%) se revelam mais inclusivas do que as restantes, dando preferência à constituição de equipas mistas.
Nestas empresas, 78% das equipas de gestão são mistas e apenas 22% são exclusivamente femininas, enquanto nas empresas lideradas por homens 48% têm equipas de gestão mista, sendo 52% ocupadas exclusivamente por homens.
Por outro lado, o “Score ESG” – um indicador da Informa D&B que reflete a posição de uma empresa relativamente ao seu setor e a empresas de dimensão equiparável, analisada segundo as suas práticas ambientais, sociais e de ‘governance’ – evidencia que “as equipas mistas na gestão têm um melhor desempenho ESG do que aquelas exclusivamente masculinas ou femininas”.
“É de esperar que a obrigação de reporte do desempenho não financeiro tenha consequências na presença feminina em cargos de maior responsabilidade nas grandes empresas”, afirma a diretora geral da Informa D&B, citada num comunicado.
Segundo Teresa Cardoso de Menezes, “a paridade de género é um dos critérios de análise das práticas ESG das empresas, critérios que terão um peso crescente na sua avaliação, podendo, deste modo, constituir mais um estímulo para acelerar esta evolução no sentido da paridade”.
O estudo da Informa D&B abrangeu as empresas ativas a 31 de dezembro de 2024, com pelo menos um gestor ou executivo e com atividade comercial em 2023.
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