Política

Luís Montenegro: “Não tenho medo nenhum de uma comissão de inquérito e nada a esconder”

Notícias de Coimbra com Lusa | 15 horas atrás em 05-03-2025

O primeiro-ministro afirmou hoje não ter “medo nenhum” de uma comissão parlamentar de inquérito sobre o caso que envolve a sua empresa familiar, proposta pelo PS, reiterando que não tem “nada a esconder” nessa matéria.

Luís Montenegro falava, no parlamento, no debate da moção de censura ao Governo apresentada pelo PCP e depois de a coordenadora do BE, Mariana Mortágua, o ter acusado de preferir ir a eleições, ao apresentar uma moção de confiança que deverá ser chumbada, em vez de dar explicações ao país sobre a polémica que o envolve.

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“Eu não estou a eximir-me ao escrutínio, eu não tenho medo nenhum de comissão parlamentar de inquérito [proposta pelo PS]. Eu não tenho nada a esconder. Tomara eu que todos aqueles que têm responsabilidade, que todos aqueles que querem estar no meu lugar, possam ter a mesma abertura para explicar as suas próprias realidades. A questão não é essa”, respondeu Luís Montenegro.

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O chefe do XXIV Governo Constitucional insistiu na tese de que já prestou todos os esclarecimentos sobre a empresa familiar Spinumviva, acusando a oposição de estar a criar “um poço sem fundo” e a “arrastar a política para um impasse”.

“A questão é que quando nós não queremos nenhuma explicação, disfarçamos com sucessivos pedidos de esclarecimento. Ora, o país não pode ficar prisioneiro de quem utiliza este comportamento porque, no seu raciocínio, na sua intenção, acha que isso lhe traz benefício político”, criticou.

Montenegro acrescentou que, se o parlamento não consegue chegar a uma conclusão, “quem tem de chegar a essa conclusão é o povo”.

Nesta fase do debate, o primeiro-ministro tinha anteriormente sido questionado pela coordenadora nacional do BE, Mariana Mortágua, que acusou Montenegro de não ter dado explicações sobre “clientes, valores específicos e serviços prestados” pela Spinumviva.

“Tudo o que fez foi confundir-nos. Falou de uma empresa criada para gerir património familiar, quando tudo indica que esse seja o menor e o último dos fins. Descreveu terrenos com pormenor, mas ocultou o nome dos clientes e dos serviços que prestou. Deu pormenores irrelevantes sobre a sua família que nunca lhe foram pedidos e que eram perfeitamente dispensáveis para a clarificação necessária”, defendeu.

Mortágua afirmou não confiar “num Governo que confunde interesses privados com o interesse público” e num primeiro-ministro “que confunde o seu interesse particular com o interesse do país”.

Pelo CDS-PP, o líder parlamentar, Paulo Núncio, saudou a “coragem política” de Montenegro, e acusou a oposição de estar apostada em “denegrir a situação política em Portugal”.

O centrista apontou críticas ao PS, por ter proposto uma comissão parlamentar de inquérito, citando várias frases do secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, quando era ministro.

“Que autoridade tem o deputado Pedro Nuno Santos para propor uma comissão parlamentar de inquérito à atividade de empresas familiares? É que quando o senhor deputado teve de dar explicações sobre as suas empresas familiares, lamentou, – e com razão -, que se estava a criar um anátema, uma injustiça e uma violência contra todos aqueles que tiveram uma atividade profissional anterior”, atirou, acusando-o de ser um “político que tem duas faces”.

Na resposta, Luís Montenegro fez o mesmo, citando várias frases de Pedro Nuno Santos e afirmando que as suas palavras podiam ter sido ditas pelo seu “maior advogado de defesa”.

O chefe do executivo pediu seriedade, afirmando que quando se pedem explicações até se pode discordar politicamente de determinado comportamento, mas não se pode insistir que “não há esclarecimentos do que já foi esclarecido”.

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