Opinião

Assim se vê para que serve o PCP

OPINIÃO | Rui Avelar | 1 dia atrás em 02-03-2025

Da noite para o dia, o cenário de crise política implodiu e deu lugar ao pântano.

Com a diatribe de anunciar uma moção de censura ao Governo, destinada a subtraí-lo à queda inerente à rejeição da moção de confiança, o PCP age com a conivência do PSD e do PS.

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Aguardo, perplexo, se Marcelo Rebelo de Sousa acha que isto – que é triste – corresponde ao regular funcionamento das instituições consagrado na Constituição da República.

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“Não estarei aqui a qualquer custo”, afirmou o primeiro-ministro, sábado, num exercício de cinismo político.

Luís Montenegro alegou que o panorama tinha de ser clarificado “sem manobras tácticas e palacianas”. O ar resoluto do líder do PSD resistiu apenas durante uns pares de horas.

Parafraseando Armando Esteves Pereira, a iniciativa do PCP, cujo lado estalinista sempre foi avesso ao parlamentarismo, é uma “bóia de salvação para o Governo (PSD incluído) e para o PS”.

Pedro Nuno Santos, que devia ter-se apressado a reunir-se com o Presidente da República, tanto rejeitaria a confiança ao Executivo como se alheia da moção de censura do PCP, cujo alcance, neste contexto, consiste em evitar a queda do Governo.

Ao jeito da cautela e dos caldos de galinha, o líder do PS não quer correr o risco de a iniciativa do Partido Comunista poder vir a acarretar convocação de eleições antecipadas, independentemente do sentido de voto do Chega.

Se houver uma réstea de coerência, o primeiro-ministro concluirá que não pode furtar-se à apresentação à Assembleia da República de uma moção de confiança.

O PCP ‘assoa-se’ a uma moção de censura, mas não deixa de ficar ranhoso.

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