Opinião

Bacará 

Opinião | Amadeu Araújo | Amadeu Araújo | 21 minutos atrás em 01-03-2025

 O jogo começa com duas cartas sendo distribuídas para o jogador e duas para o banqueiro. Entre atingir os nove pontos é preciso saber que o jogador não toma decisões sobre as suas cartas, pois as regras definem automaticamente se uma terceira carta será adicionada. Ora nos dias que correm, essa carta estará com dom Marcelo.

Sei disto porque saí algumas vezes do Casino de Espinho de bolsos vazios, ébrio que o álcool é barato e liso, sem moedas sequer para tabaco.

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Foi no casino que topei artistas que carregam o ceptro da intemporalidade, que não se deixam apagar, que resistem à sedução do contemporâneo, esse falso amigo com que todos nós um dia nos envolvemos.

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Ora temos agora esse conselho de ministros para discutir a vida familiar e tomar decisões pessoais e políticas relacionadas com uma empresa.

Nisto esquecemos o resto, sem despenhar dúvidas. Inocentes até ao patíbulo.

Já da nossa vidinha, bom, nem ao médico podemos ir. Quando despedimos os melhores, dá nisto.

Um email de Carnaval, assim podemos ver, para perguntar ao país, neste caso a Coimbra, o que nos falta fazer. No final destes quatro anos em que a cidade se despenca. Basta olhar, ver e, infelizmente, cheirar. Que não se consultem os cidadãos, se procure nos nossos o andamento desse plano Marshall, general americano que desenhou a reconstrução da Europa do pós-guerra. E infelizmente, estamos na mesma. Na Baixa. Muita parra e pouca uva. Demasiado ouvidoria e pouca feitoria.

Compramos três prédios e chega. Haverá de vir outro projeto para essa “revivificação do espaço público”.

Não precisamos reinventar a roda para honrar a arte de fazer boa política.

Olhe-se o Arroz Carolino do baixo Mondego, a viajar pelo país, para essas cabidelas e carquejas. Mas é preciso insistir, falar alto, gritar, fingir que estamos a fazer alguma coisa. Equilibrar o passado e o presente com minúcia de relojoeiro, dedilhar a sensibilidade, porta falsa para a cave de ocasionais empregados.

E nisto o Estado português registou um excedente de 1.672,1 milhões de euros em janeiro de 2025, representando um aumento de 461,9 milhões face ao mesmo período do ano anterior. Este resultado deve-se ao crescimento da receita de 11,8%, com destaque para a receita fiscal que subiu 14,1%. Aqui chegados, caídos e ainda não levantados, que vemos?

Só o aumento construía comboio de Aveiro a Celorico da Beira, onde, precisamente, há ensaios até Mangualde. Mas disto, que nos interessa, nada. A política é hoje o lavadouro publico e nem a barrela limpa a roupa.

Seiscentos milhões de euros depois, quase 6 anos, os 193 quilómetros entre Pampilhosa e Vilar Formoso continuam fechados, à espera de serem o Corredor Internacional Norte.

E o mando na conversa, na discussão da treta, preocupados com o lugar e a sinecura. Raiva é o que pedimos, mas eles dão-nos torradas melosas. E nada de decência. Os mesmos dois pesos e duas medidas de sempre.

Há uma falha ética enormíssima nos políticos que pretendem comandar o país. O espavento é que se entretêm a sugerir e ditar regras para todos nós, enquanto se excecionam.

Este país precisa de sol, de ser arejado. O quanto antes, para que não cheire a mofo.

OPINIÃO | AMADEU ARAÚJO – JORNALISTA

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