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Investigadores de Coimbra lideram projeto pioneiro para prever e prevenir crises respiratórias

Notícias de Coimbra | 7 horas atrás em 27-02-2025

O consórcio de investigação Blocking Respiratory Exacerbations: AI and data-driven Technology for Health Enhancement(BREATHE), do qual a Universidade de Coimbra (UC) faz parte, está a desenvolver um dispositivo pioneiro para prever e reduzir as crises respiratórias de pessoas com asma e outras doenças obstrutivas crónicas.

Os investigadores esperam que esta nova ferramenta, destinada à utilização domiciliária, ajude doentes e médicos a antecipar e a prevenir crises respiratórias, reduzindo, assim, as hospitalizações e melhorando a qualidade de vida.

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Em concreto, a equipa de investigação está a testar a utilização de um dispositivo que permite medir a Fração Exalada de Óxido Nítrico (FeNO) em casa, um método não invasivo que permite avaliar a inflamação pulmonar de forma rápida. Atualmente, esta monitorização é feita principalmente em ambiente hospitalar ou clínico, através da utilização de dispositivos como o Evernoa, um sistema que foi criado por uma das entidades parceiras do consórcio, a empresa especializada em tecnologia médica everSens. 

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A utilização móvel deste novo sistema inspirado no dispositivo Evernoa vai permitir “que os doentes monitorizem facilmente os seus níveis de FeNO no domicílio, garantindo intervenções atempadas e uma gestão mais eficaz da doença”, explica a equipa de investigação da UC. Para fazer esta monitorização, os doentes devem “utilizar o dispositivo para realizar medições diárias, seguindo um processo simples e intuitivo”, elucidam os investigadores. A medição é, então, registada automaticamente na aplicação móvel do sistema, que vai armazenar os dados e permitir a análise dos padrões ao longo do tempo. No futuro, “estes dados, conjugados com outras variáveis clínicas, poderão contribuir significativamente para a gestão atempada e prevenção das crises”, acrescentam.

Esta versão móvel do Evernoa, que depois da sua validação clínica será futuramente disponibilizada, está a ser feita com recurso a inteligência artificial. Estão a ser usados modelos preditivos que permitem “analisar os padrões das medições de FeNO, cruzando-os com outros dados clínicos e ambientais”, partilha a equipa de investigação. 

“Acreditamos que este dispositivo para utilização domiciliária pode impactar positivamente o dia a dia de pessoas diagnosticadas com asma e outras doenças obstrutivas pulmonares, podendo vir a reduzir até 55% as suas crises respiratórias, prevenindo, assim, mais de 1,2 milhões de hospitalizações anuais na Europa e libertando cerca de 8 milhões de dias de ocupação hospitalar”, avança a equipa do projeto BREATHE. Atualmente, as doenças respiratórias crónicas “afetam mais de 400 milhões de pessoas em todo o mundo e são uma das principais causas de incapacidade e morte”, recordam os investigadores.

Neste momento, a Universidade de Coimbra e a Unidade Local de Saúde de Coimbra (ULS Coimbra) estão a implementar um estudo clínico multicêntrico, envolvendo Portugal e Espanha (Hospital Clínic de Barcelona), para avaliar a performance da versão domiciliar do dispositivo Evernoa em doentes com asma grave. Durante este estudo, os investigadores vão acompanhar os participantes ao longo de seis meses, recolhendo dados sobre a utilização do dispositivo e a evolução do seu estado clínico. Desta forma, o estudo vai permitir “analisar a adesão dos doentes à tecnologia, avaliar a viabilidade do uso regular do dispositivo e compreender de que forma esta metodologia inovadora pode impactar a gestão da asma na vida real”, contextualiza a equipa portuguesa. 

Além da UC, da ULS Coimbra, da everSens e do Hospital Clínic de Barcelona fazem parte deste consórcio de investigação a AstraZeneca Espanha, a GENESIS Biomed, consultora especializada em inovação biomédica, e a Fundação de Investigação Clínica de Barcelona – Instituto de Investigações Biomédicas August Pi i Sunyer. A investigação é financiada pela rede EIT Health com um milhão de euros até 2026.

A equipa da Universidade de Coimbra é liderada pelo docente da Faculdade de Medicina (FMUC) e investigador do Coimbra Institute for Clinical and Biomedical Research (iCBR), António Jorge Ferreira, fazendo também parte da equipa o investigador do iCBR, Ricardo Leitão. Já do lado da ULS Coimbra participam os clínicos Cláudia Loureiro e Diogo Canhoto, que são também docentes e investigadores da FMUC.

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