O secretário-geral da Federação Nacional dos Professores (Fenprof), Mário Nogueira, avisou hoje que a falta de docentes “vai ser uma calamidade” dentro de cinco anos se nada for feito para recuperar os que abandonaram o ensino.
Na Covilhã, à saída de um plenário com professores para recolher contributos para a proposta de revisão do Estatuto da Carreira Docente, que se vai repetir em outras zonas do país até 07 de março, Mário Nogueira afirmou que a única forma de ultrapassar o problema é valorizar a profissão.
O dirigente sindical sublinhou que nos próximos cinco anos vão aposentar-se mais de vinte mil professores e que só nos primeiros três meses deste ano reformam-se 1.096 docentes, quase tantos quantas as vagas abertas, 1.197, para os novos alunos que vão iniciar a formação no curso de educação básica.
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“Só em três meses aposentou-se quase o universo dos que vão cá chegar daqui a cinco anos. Se não for feito nada para recuperar já os que existem, que são profissionalizados e que saíram, isto vai ser uma calamidade”, alertou o secretário-geral da Fenprof, na sessão realizada no distrito de Castelo Branco.
Mário Nogueira enfatizou que há cada vez mais gente a abandonar a profissão e que nos últimos sete anos, além dos que se aposentaram, deixaram de lecionar 15 mil professores, que saíram do ensino e têm de ser recuperados, para evitar “uma situação desastrosa”.
“O senhor ministro anunciou que aumentou em 20% as vagas – 1.197 vagas -, mas é para jovens que vão entrar em setembro e chegam cá em 2030, e nós temos um problema hoje”, acentuou o sindicalista.
Segundo o dirigente da Fenprof, a resposta não pode ser contar com os aposentados – “só vieram 56” -, nem adiando a aposentação, mas sim criando condições atrativas para que quem já está formado regresse ao ensino.
Mário Nogueira frisou que isso não se consegue mantendo a mesma carreira, as mesmas condições de trabalho, os mesmos salários ou colocando professores a centenas de quilómetros de distância da residência, pagando apoios a uns e a outros não.
“Assim vamos agravar o problema e, portanto, é preciso olhar de frente para o problema através da revisão do Estatuto da Carreira Docente, a forma de valorizar a profissão e chamar esses jovens”, preconizou o representante sindical.
Mário Nogueira considerou que esta “valorização é urgente” e deve estar em vigor no início do próximo ano letivo.
Criticou ainda o Ministério da Educação, Ciência e Inovação por o processo andar “a passo de caracol”.
“Ninguém sabe muito bem quando é que vamos ter, afinal, uma nova carreira. Quando é que essa carreira entra em vigor? O que é que essa carreira significará, quer para os mais jovens, quer para os mais antigos, do ponto de vista de valorização profissional? Mas nós vamos exigir que, de facto, essa valorização exista”, reforçou o dirigente da Fenprof.
Um salário base de dois mil euros ilíquidos em início de carreira, recuperar a paridade com os técnicos superiores no topo da carreira ou que se volte aos 26 anos de serviço para chegar ao topo da carreira “sem constrangimentos”, como acontece com as vagas nos escalões ou as quotas de avaliação, são algumas das propostas a entregar à tutela.
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