O líder do PS desafiou hoje o primeiro-ministro a prestar todos os esclarecimentos para que não reste nenhuma suspeita porque “quem não deve não teme”, recusando transformar o voto contra a moção de censura num voto de confiança.
No debate da moção de censura ao Governo, que decorre esta tarde no parlamento, Pedro Nuno Santos fez, em nome do PS, o primeiro pedido de esclarecimento ao primeiro-ministro na iniciativa do Chega motivada pela situação da empresa da qual Luís Montenegro foi sócio até junho de 2022 e que agora pertence à sua mulher e aos filhos.
Criticando a “manobra de diversão” do Chega, que afirmou ter como “objetivo desviar a atenção dos problemas graves, de polícia, criminais de falta de educação parlamentar que têm marcado a vida do Chega nas últimas semanas”, o líder do PS deixou um aviso.
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“Não pode transformar o voto contra do PS num voto de confiança. Se apresentasse uma moção de confiança nós também chumbaríamos essa moção de confiança”, disse.
Na resposta, o primeiro-ministro começou por se associar a Pedro Nuno Santos “quando colocou o dedo na ferida relativamente à intenção do Chega com a apresentação desta moção de censura”.
“O Chega apresentou a moção de censura por todas as razões, menos para fazer cair do Governo porque o Chega não quer que o Governo caia. Essa para mim é uma evidência”, disse Montenegro, considerando que os problemas do partido de André Ventura, apesar desta “manobra de distração, não acabaram”.
Pedro Nuno Santos apelou a Luís Montenegro para que não deixasse “nenhuma margem para dúvida, nenhuma suspeita sobre o primeiro-ministro de Portugal” porque “quem não deve não teme” e deixou três perguntas a Luís Montenegro.
“Quero perguntar-lhe quem são os seus clientes. Um primeiro-ministro não pode ter clientes mistério”, começou po perguntar, querendo ainda saber que serviços foram prestados e por qual preço e também “quem prestou os serviços de consultoria da sua empresa”, nomeadamente depois de Montenegro ter deixado a sociedade.
Para o líder do PS, o primeiro-ministro “irritou-se e vitimizou-se”, mas um chefe do executivo “tem que dar esclarecimentos a toda a gente”, ao parlamento e aos jornalistas, como Montenegro “sempre exigiu quando estava na oposição aos membros do Governo do PS”.
O primeiro-ministro lamentou estas questões do líder do PS não por as colocar, mas sim por considerar que Pedro Nuno Santos “sabe as respostas”.
“Não devo, não posso estar a divulgar quais são os clientes desta empresa por uma questão de respeito aos clientes, não é por minha causa. Se alguns deles quiserem tomar a essa iniciativa não tenho nenhum problema com isso”, justificou, referindo que também não sabe nem quer “saber quais as relações contratuais das empresas” do universo familiar de Pero Nuno Santos.
Sobre o nome de uma empresa que divulgou, Montenegro disse ser público que é “amigo pessoal dos acionistas dessa empresa”.
“Estarei sempre inibido, impondo-me a mim mesmo a inibição total de intervir em qualquer decisão que impacte diretamente com essa empresa em particular. Sei muito bem fazer essa avaliação e eu creio que o senhor deputado confia bem que eu não deixarei de fazer essa aplicação seguindo as regras de conduta aplicáveis aos membros do Governo e até as regras que se aplicam por força da lei administrativa aos conflitos de interesses”, assegurou.
O Governo PSD/CDS-PP liderado por Luís Montenegro enfrenta hoje a sua primeira moção de censura, menos de 11 meses depois de tomar posse, apresentada pelo Chega e com rejeição garantida pelo parlamento.
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