Há muito tempo reivindico paz como se alguém pudesse ouvir-me. Com a paciência que me foi concedida, depois da exaustão da juventude, olho para o lado e vejo que muitas pessoas da minha geração estão acomodadas ou acostumadas com a vida que levam, e não há nenhum mal nisso. Aparentemente, viver o comum é a escapatória para o cidadão, que no afã de viver para trabalhar se esquece da própria vida.
A evolução tecnológica é inevitável, peço apenas que relutem um pouco à demanda desse futuro que emerge com os robôs a pensarem. Eu sei, talvez, seja mais fácil deixar que a onda nos leve sem precisarmos usar as nossas habilidades para aferir até onde somos curiosos ou perversos.
A inteligência artificial (IA) é uma incógnita pela capacidade de instigar o nosso senso de responsabilidade diante de coisas assustadoras e inimagináveis. Há muito ainda a ser investigado, mas, a sofreguidão humana é conhecida por muitos desastres e frustrações.
PUBLICIDADE
Estou reticente quanto à disseminação das facilidades e promessas que essa tecnologia pode fazer no nosso lugar – inclusive, tirar-nos a expetativa de futuro. Não acredito que as pessoas estejam aptas a utilizarem essa ferramenta “milagrosa”.
O exercício de fazer as coisas com o próprio pensamento não é mais um desafio. Com a exceção da ciência, não a considero complementar. Possivelmente é o boom do século a inteligência artificial, mas, ainda é cedo para avaliarmos os prejuízos ou as benesses.
O meu receio é que já tenha conseguido as nossas almas, aliás, o preço a pagar é irrelevante, quando já não temos nada a perder.
Há riscos, mas, eu também sei que a vulnerabilidade humana é discutível quando se está frente a uma tentação, por isso, a necessidade de manter o que é legítimo como pensar diferente e resistir à massa que nos ignora.
A construção da emergência é possível, porque ainda é tempo e ninguém nos tirou o poder de escolha.
PUBLICIDADE