Vários incêndios florestais permanecem ativos na Patagónia argentina, mobilizando centenas de bombeiros num verão austral particularmente destrutivo, que já afetou cerca de 25.000 hectares nos últimos dois meses, segundo as autoridades e os ambientalistas.
Numa das zonas mais afetadas nos últimos dias, cerca de 200 bombeiros e 150 voluntários, apoiados por aviões e helicópteros, revezam-se no combate a focos separados no parque nacional de Lanin, na província de Neuquen, a 1.500 quilómetros a sul de Buenos Aires.
Os incêndios, que ardem há oito dias sem causar vítimas ou ameaçar casas em áreas de difícil acesso, afetaram mais de 5.000 hectares de floresta no vasto parque de 216.000 hectares, de acordo com a província de Neuquen.
A província ativou um alerta vermelho devido às “condições meteorológicas desfavoráveis” e aos ventos “que reacenderam vários pontos” de incêndio na quarta-feira, disse a secretária de Emergências e Riscos, Luciana Ortiz.
No maior incêndio desde o início do verão austral, no setor de El Bolson (a 1.700 km de Buenos Aires), na província vizinha de Rio Negro, arderam cerca de 3.000 hectares, uma pessoa morreu, 120 casas foram destruídas e mil habitantes e turistas foram evacuados na semana passada. Dois incêndios continuam ativos no local.
Noutro grande parque, o Nahuel Hualpi, com 717.000 hectares, que atravessa as duas províncias, mais de 10.000 hectares foram destruídos por vários incêndios desde dezembro.
Neuquen, Rio Negro e Chubut, três províncias da Patagónia que, entre si, cobrem meio milhão de quilómetros quadrados, uma área quase do tamanho da França, são as zonas atualmente mais afetadas pelos incêndios florestais, que ocorrem todos os verões na Argentina, mas que este ano foram particularmente devastadores.
“Não há dúvida” de que o verão de 2024-2025 foi o que causou a maior perda de florestas desde há muito tempo, disse aos jornalistas Hernan Giardini, coordenador florestal do Greenpeace Argentina.
De acordo com um relatório da ONG baseado em dados das províncias – na ausência de estatísticas nacionais oficiais nesta fase – mais de 25.000 hectares foram destruídos desde o início do verão austral há dois meses, três vezes mais do que no verão passado. “E ainda falta o mês de fevereiro”, sublinha.
Para o defensor do ambiente, “tudo apontava para um verão complicado” em matéria de incêndios, com uma época de “vários dias de temperaturas elevadas e muito vento”, associada a “um período de seca na região, ligado ao fenómeno climático La Niña”.
No caso de El Bolson, as autoridades provinciais manifestaram a sua convicção de que o incêndio foi “intencional”.
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