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Brasil quer aproveitar contexto global para aumentar exportações de defesa para Portugal
O Brasil ambiciona aumentar as exportações da indústria da defesa para Portugal, numa altura em que é discutido o aumento do investimento na NATO e na União Europeia (UE), disse à Lusa fonte da diplomacia brasileira.
“Portugal, certamente vai, e precisa, como membro da NATO e da União Europeia, gastar mais em defesa”, disse à Lusa a mesma fonte.
Por essa razão, o Brasil antecipa “grandes oportunidades para a indústria de defesa”, sublinhou.
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Este tema, de acordo com a fonte diplomática brasileira, poderá mesmo estar em discussão na XIV Cimeira luso-brasileira de 19 de fevereiro, que reunirá as figuras mais altas do Governo dos dois países, em Brasília.
De acordo com dados oficiais, o setor da defesa brasileiro atingiu um recorde nas autorizações de exportações de produtos e serviços em 2024, chegando a 9,17 mil milhões de euros.
A indústria de defesa comercializa para cerca de 100 países, sendo que 40% das exportações são de aeronaves, entre outros produtos como armamentos leves, munições, armamentos não letais e serviços de engenharia em produtos de defesa, segundo o Governo brasileiro.
A fabricante de aeronaves brasileira Embraer entregou 206 aviões no ano passado, número 14% acima das 181 aeronaves entregues em 2023.
Em Portugal, a Embraer é acionista maioritária da OGMA – Indústria Aeronáutica de Portugal, em Alverca, com 65% do capital.
As ambições do Brasil em comercializar mais produtos de defesa para Portugal surgem num momento em que o possível aumento da meta de investimento em defesa na NATO, atualmente fixada em 2% do Produto Interno Bruto (PIB), está a ganhar força entre os Estados-membros.
Em entrevista à RTP, o presidente do Conselho Europeu, António Costa, admitiu que os Estados-membros da NATO vão decidir aumentar a meta do investimento em defesa, atualmente nos 2% do PIB, que o Presidente norte-americano, Donald Trump, quer subir para 5%.
António Costa reconhece que há um consenso crescente para um reforço das despesas militares, embora o valor exato ainda esteja em discussão.
“A média do conjunto das despesa militar nos 23 Estados da União Europeia que são também aliados na NATO já atingiu os 2% e, sobretudo, desde 2022 para cá, nós tivemos um aumento muito significativo”, na ordem dos 30%, na sequência da invasão da Ucrânia pela Rússia, recordou o ex-primeiro-ministro português.
Ainda esta semana, o secretário-geral da NATO, Mark Rutte, defendeu que canalizar 2% do PIB de cada Estado-membro já não é suficiente para a defesa da Europa.
“Temos de continuar a adaptar-nos, temos de aumentar os nossos esforços e as nossas despesas. O objetivo de 2% [do PIB] não vai ser suficiente”, afirmou Mark Rute, em declarações feitas em Lisboa, após um encontro com o primeiro-ministro e outros membros do Governo.
“A ameaça da Rússia pode parecer longínqua, mas asseguro-vos que não é”, alertou o líder da NATO [Organização do Tratado do Atlântico Norte], referindo que Moscovo tem armamento que consegue atingir a costa portuguesa.
Na mesma ocasião, o primeiro-ministro, Luís Montenegro, afirmou que Portugal está disponível para antecipar “ainda mais” o prazo para que o país atinja um investimento de 2% do PIB no setor da defesa.
Portugal já se tinha comprometido a atingir a meta em 2029, mas o primeiro-ministro admitiu que Portugal poderá ter de antecipar o objetivo.
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